Você não pode mudar o que sente, mas pode aprender o que fazer com seus sentimentos. Nós do LIV – Laboratório Inteligência de Vida – acreditamos nesse conceito e por isso levamos para escolas de todo o Brasil um programa de educação socioemocional que ajuda estudantes a conhecerem seus sentimentos e a desenvolverem habilidades para a vida.
Você não pode mudar o que sente, mas pode aprender o que fazer com seus sentimentos. Nós do LIV – Laboratório Inteligência de Vida – acreditamos nesse conceito e por isso levamos para escolas de todo o Brasil um programa de educação socioemocional que ajuda estudantes a conhecerem seus sentimentos e a desenvolverem habilidades para a vida.
O suicídio na adolescência, é o ato de um jovem entre os 12 e os 21 anos tirar a própria vida. Geralmente ocorre porque a adolescência é um período de transição, de transformações e de inúmeros conflitos internos, e por isso existe um maior risco de depressão, transtorno bipolar e de ceder a pressões impostas pelos outros ou pela sociedade.
O comportamento suicida se divide em 3 fases: pensar em suicídio, tentativa de suicídio e consumação do suicídio. O jovem que pensa um tirar sua vida, acredita que não existem soluções para os seus problemas, e normalmente dá sinais de um desequilíbrio emocional, mas que podem passar despercebidos por familiares e amigos.
O suicídio é a quarta maior causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos no Brasil. Os dados são do primeiro boletim epidemiológico sobre suicídio, divulgado pelo Ministério da Saúde, que mostram ainda que, 65,6% dos óbitos nessa faixa etária foram por causas externas: violências e acidentes.
Algumas causas podem ser apontadas para a prática do suicídio entre jovens e adolescentes:
A depressão é a principal causa do suicídio na adolescência. O jovem deprimido prefere ficar sozinho do que sair com os amigos e sentimentos como tristeza e solidão favorecem os pensamentos e o planejamento do suicídio. Não ter um bom amigo ou namorado para conversar, que seja capaz de mostrar compreensão e compreender suas dificuldades, fazem com que a vida seja mais pesada e difícil de suportar.
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Como curar: Buscar ajuda de um psicólogo, psiquiatra ou mesmo grupos de auto ajuda são importantes para tomar os remédios contra depressão e poder se encontrar para falar sobre seus sentimentos, buscando estratégias para aliviar a dor e sair da depressão.
O alcoolismo e o uso de drogas também favorecem o suicídio porque seu uso já indica que o jovem não está conseguindo resolver conflitos interiores, passando por um momento de angústia ou frustração. Além disso, a atuação destas substâncias no cérebro modificam as funções cerebrais, o estado de consciência e o pensamento, favorecendo as ideias autodestrutivas.
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Como parar: Em caso de vício o mais indicado é buscar tratamento contra dependência química, mas se o uso destas substâncias é esporádico, ainda há tempo de sair sem precisar ficar internado. Ocupar o tempo com atividades ao ar livre pode ajudar a distrair a mente mas o mais importante é decidir que não deseja mais usar drogas ou consumir bebidas alcoólicas em exagero e buscar um bom amigo para desabafar quando se sentir triste ou deprimido.
Problemas familiares como perda dos pais, separação, frequentes brigas e discussões, e não ter espaço dentro de casa para expressar suas emoções são fatores que aumentam a angústia e a dor que o adolescente sente, fazendo-o pensar em suicídio. Não se sentir amado pelo companheiro e a falta de amor e compreensão no relacionamento também fazem com que o jovem pense em se matar.
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Como resolver: Encontrar tempo para conversar de forma calma e ponderada é uma grande ajuda para encontrar um ambiente de equilíbrio dentro de casa ou dentro do relacionamento amoroso. Lembre-se que tudo pode mudar com uma boa conversa, e mais importante do que apontar os erros do outro é dizer o que você está sentindo em relação a cada situação. Assim, ao invés de dizer: você não se preocupa e não quer saber de mim, deverá dizer o que realmente sente, como por exemplo: eu não me sinto valorizado. Esse tipo de discurso faz o outro perceber que você não está na postura de julgamento, mas está pedindo ajuda ao expressar suas emoções, sendo sincero, o que pode abrir as portas para uma boa conversa e compreensão, dividindo a dor.
O bullying acontece quando outras pessoas denigrem a imagem ou até mesmo agridem fisicamente a vítima que se sente indefesa, sendo esta uma situação comum na infância e na adolescência, embora seja crime.
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Como solucionar: Informar os responsáveis sobre o bullying e encontrar juntos uma estratégia para que o bullying deixe de acontecer.
Ter sido vítima de um abuso sexual ou maus tratos são fatores que favorecem os pensamentos suicidas porque a pessoa se sente encurralada pelos problemas e não consegue lidar com a dor que sente diariamente. Com o passar do tempo a dor não diminui e a pessoa se sente sempre angustiada e deprimida, o que favorece os pensamentos suicidas porque pode parecer que tirar a própria vida é a melhor solução para resolver o problema.
Como lidar com a dor: Os traumas emocionais devem ser tratados com o acompanhamento do médico psiquiatra, remédios calmantes podem ser indicados para dormir melhor, mas enfrentar a dor participando de grupos de apoio de auto ajuda é uma grande ajuda para que a dor emocional, e até mesmo física, cesse. Ouvir as histórias de outras pessoas que já passam pela mesma situação e fazer tarefas que são indicadas nestes grupos também faz parte do tratamento para superar o trauma. Confira as consequências e como lidar com o abuso sexual.
Além disso, pessoas que tiveram casos de suicídio na família, que já tentaram tirar sua vida, meninas que engravidaram na adolescência e os jovens com baixa renda e dificuldade escolar também tem maior risco de pensar em suicídio. Outro fator que não deve ser ignorado é que ouvir falar do assunto na televisão, rádio ou redes sociais também influencia e acaba favorecendo as pessoas susceptíveis ao suicídio porque elas passam a pensar nisso como uma forma de resolver seus problemas da mesma forma.
Para evitar os pensamentos e o planejamento do suicídio é importante ficar atento aos sinais que podem indicar que a pessoa está pensando em tirar a própria vida. Mudanças repentinas de humor, agressividade, depressão e o uso de frases, como: 'estou pensando em me matar; o mundo seria melhor sem mim, ou tudo se resolveria se eu não estivesse mais aqui' também servem de alerta.
Mas somente identificar estes sinais não é suficiente, e por isso é muito importante buscar ajuda profissional, com um psicólogo ou psiquiatra para definir as estratégias para parar de pensar em tirar a vida.
Fortalecer o vínculo afetivo com a família, amigos e com uma comunidade de fé como a igreja, por exemplo, pode ajudar a ter relações interpessoais mais satisfatórias e aumentar a percepção de apoio, melhorando assim o bem-estar e a qualidade de vida do jovem.
Se acha que não tem ninguém que possa ajudar, pode entrar em contato com o centro de apoio a vida, ligando para o número 141, que fica disponível 24 horas por dia.
MITOS SOBRE O SUICÍDIO
1. QUANDO ALGUÉM É SUICIDA, ELE OU ELA SEMPRE SERÁ SUICIDA
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Um elevado risco de suicídio ocorre depois de específicas situações e relativos curtos espaços de tempo. Enquanto pensamentos suicidas podem retornar, estes não são permanentes e um indivíduo com prévio pensamento e tentativa suicida pode viver uma longa vida normalmente.
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Essa concepção errônea pode até ser muito prejudicial para as pessoas com pensamentos suicidas, porque elas podem criar resistência em pedir ajuda a terceiros por achar que ficará sempre marcada como ´suicida´ para o resto da vida. Assim, podem se isolar tentando lutar contra o problema em silêncio, algo que pode facilitar uma tentativa de suicídio.
2. SE UMA PESSOA TENTA O SUICÍDIO E SOBREVIVE, ELA NUNCA IRÁ TENTAR DE NOVO
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Indo na direção oposta do mito anterior, uma tentativa de suicídio também pode ser encarada como um indicador que outras tentativas poderão vir caso os fatores que impulsionaram a primeira tentativa não tiverem sido solucionados/tratados. Além disso, as próximas tentativas podem ser ainda mais perigosas, já que a pessoa irá ter aprendido com a falha anterior.
3. FALAR SOBRE SUICÍDIO OU PERGUNTAR ALGUÉM SOBRE SEU POSSÍVEL PENSAMENTO SUICIDA É UMA MÁ IDEIA E PODE SER INTERPRETADO COMO UM ENCORAJAMENTO
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Devido ao péssimo estigma dado ao tema do suicídio, a maioria das pessoas que estão encarando o suicídio não sabem com quem falar. Ao invés de encorajar comportamentos suicidas, falar abertamente sobre o assunto pode dar ao indivíduo afetado pelo problema outras opções ou o tempo para repensar a sua decisão, portanto prevenindo o suicídio.
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Nesse barco, o mito é ainda mais forte em relação às crianças e aos adolescentes, onde muitos acham realmente perigoso discutir questões ou falar sobre suicídio com os mesmos, já que, supostamente, isso estaria aumentando as chances de comportamentos suicidas surgirem devido ao fato dos indivíduos nessa idade serem muito influenciáveis. É preciso deixar claro às pessoas que não existem evidências científicas/empíricas que baseiem tal suposição.
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Esse pensamento é o mesmo que cerca o tabu relacionado às discussões sobre sexualidade. Muitas escolas e pais deixam de discutir o assunto ou por vergonha ou por acharem que estarão incentivando que suas crianças e jovens embarquem na vida sexual muito cedo. Isso apenas faz com que importantes informações sobre sexo seguro deixem de ser passadas aos jovens. Na abordagem sobre o suicídio com outra pessoa, um primeiro passo poderia ser simplesmente perguntar-lhe se a opção de acabar com a própria vida é uma intenção naquele momento. No entanto, claro, falar sobre suicídio deve ser cuidadosamente planejado para melhor alcançar a pessoa alvo.
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Porém, é preciso diferenciar uma discussão saudável sobre o suicídio da exposição a outros comportamentos suicidas. Ser exposto a um comportamento suicida de membros familiares, amigos e celebridades é um dos principais fatores de risco para o surgimento de um comportamento suicida em outras pessoas (por influência).
4. PESSOAS COM TRANSTORNOS MENTAIS SÃO SUICIDAS
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Comportamento suicida indica uma profunda tristeza mas não necessariamente um transtorno mental. Diversas pessoas vivendo com transtornos mentais não são afetadas por comportamentos suicidas, e nem todas as pessoas que tiram suas próprias vidas possuem um transtorno mental. Fatores como violência familiar, abuso sexual, uso excessivo de drogas/álcool, dores crônicas, entre outros, podem se juntar, ou não, com transtornos mentais no desenvolvimento de um comportamento suicida. Apesar disso, a maioria dos suicídios estão ligados a um transtorno mental.
5. A MAIORIA DOS SUICÍDIOS OCORREM REPENTINAMENTE, SEM AVISOS
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Pelo contrário, a maioria dos suicídios são precedidos por sinais de alerta, sejam verbais ou comportamentais. Obviamente, existem suicídios que ocorrem sem avisos/sinais prévios, mas isso passa longe da regra. Nesse sentido, é muito importante saber entender quais são os sinais de alerta e procurar por eles nas pessoas próximas de você.
Entre os sinais de alerta, podemos incluir:
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O suicídio recente, ou morte por outros meios, de um amigo, pessoa amada ou parente;
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Tentativas anteriores de suicídio;
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Preocupações com temas de morte ou expressão de pensamentos suicidas;
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Falar sobre sentimentos de vazio, desesperança ou falta de motivos para viver;
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Falar sobre sentimentos de aprisionamento ou fracasso em encontrar soluções;
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Sentir dores insuportáveis (físicas ou emocionais);
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Depressão, transtornos de conduta e problemas com substâncias de abuso - particularmente se duas ou mais estiverem presentes;
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Desfazer-se de posses muito estimadas/ fazer um testamento ou realizar preparações finais de mesma natureza - despedidas, por exemplo;
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Grandes mudanças nos padrões de sono - dormir muito ou pouco;
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Mudanças repentinas e extremas nos hábitos alimentares ou no ganho/perda de peso;
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Maior consumo de substâncias de abuso;
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Afastamento dos amigos/familiares ou outras grandes mudanças comportamentais;
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Abandono de atividades de grupo;
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Mudanças de personalidade como nervosismo, explosões de raiva, busca incessante por vingança ou comportamento impulsivo ou irresponsável, ou apatia em relação à aparência e saúde;
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Irritabilidade frequente ou choro inexplicável;
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Expressões prolongadas de fracasso, culpa ou desprezo próprio;
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Falta de interesse no futuro;
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Uma repentina levantada de espírito, onde antes existia apenas profunda tristeza e fraqueza, pode indicar a tomada de decisão em acabar com a dor através do suicídio;
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Fazer um plano ou procurar por um modo de matar a si mesmo, como buscas na internet, compra de pílulas medicamentosas ou compra de uma arma de fogo.
6. ALGUÉM QUE É SUICIDA ESTÁ DETERMINADO A MORRER
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Pelo contrário, em grande parte dos casos as pessoas suicidas são ambivalentes sobre viver ou morrer (pensam nos dois com a mesma intensidade). Em um exemplo, alguém pode agir impulsivamente e beber pesticidas - morrendo alguns dias depois -, apesar de mudar de ideia logo depois e ter escolhido viver. Muitos também irão procurar ajuda imediatamente após tentar o suicídio. Ter acesso a um suporte emocional na hora certa pode prevenir tais tragédias.
7. PESSOAS QUE FALAM SOBRE SUICÍDIO NÃO POSSUEM INTENÇÃO EM COMETÊ-LO
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Pessoas que falam sobre suicídio podem estar tentando buscar ajuda ou suporte, sem serem explícitos sobre a situação para não despertarem incertas fortes reações - por causa do tabu em torno do assunto - ou por terem vergonha de estarem tentadas ao suicídio. Um significativo número de pessoas se expressando sobre a possibilidade de cometerem um suicídio estão experienciando ansiedade, depressão e desesperança, e podem sentir que não existe outra opção. É comum ouvirmos diversas pessoas que dizem coisas do tipo "Ele/ela só está falando sobre cometer suicídio para chamar atenção, não se preocupe". Isso ainda é mais forte em relação aos adolescentes, onde as pessoas tendem a achar que isso é "apenas uma fase", não levando os sinais de alerta a sério. Toda ameaça de suicídio, seja ela qual for, deve ser levada a sério.
8. UMA PROMESSA DE MANTER UMA MENSAGEM LACRADA OU NÃO LIDA DEVE SEMPRE SER MANTIDA
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Quando existe um potencial de perigo, ou real perigo, então a confidencialidade não pode ser mantida. Uma mensagem selada com o pedido para que a mesma não seja aberta é um forte indicador de que algo sério está por vir. Uma mensagem selada é um dos sinais finais antecedendo um suicídio. Aqui também é válido lembrar que também é um mito achar que a maioria das pessoas que se suicidam deixam mensagens sobre o ato para trás (cartas explicando os motivos, por exemplo).
9. UMA VEZ QUE A PESSOA PRETENDE COMETER O SUICÍDIO, NÃO EXISTE COMO PARAR
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Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), cerca de 90% dos suicídio podem ser prevenidos. Como já dito, muitos suicídios podem ser fruto de problemas apenas temporários. Ajuda prática imediata, como ficar perto da pessoa, encorajar a mesma a falar sobre a situação e ajudá-la a construir planos para o futuro, pode evitar que a intenção de um suicídio seja executada. Tal ajuda imediata é mais do que valiosa em momentos de crise, mas acompanhamento profissional apropriado pode ser importante depois. E como a maioria dos atos suicidas são planejados com boa antecedência, quanto mais cedo a intervenção de ajuda, maiores as chances de salvar a pessoa. Porém, é válido também lembrar que nem todos aqueles procurando o suicídio serão salvos. E isso não indica, necessariamente, uma falha na ajuda.
10. NÃO EXISTE CORRELAÇÃO ENTRE ABUSO ALCOÓLICO E DE DROGAS E O SUICÍDIO
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Consumo alcoólico, uso de drogas e suicídio frequentemente andam juntos. Dependentes químicos estão em um maior risco de desenvolver comportamentos suicidas. Mesmo pessoas que não costumam beber ou usar drogas irão frequentemente usar tais substâncias momentos antes de se matarem. O álcool, por exemplo, aumenta a impulsividade e, com isso, o risco de suicídio. Cerca de 11,2% da população brasileira é dependente de álcool. O número de pessoas que faz uso nocivo do álcool mas não atinge um padrão de dependência é ainda maior. Ou seja, um fator a ser levado bastante em conta no nosso país nas discussões sobre suicídio.
11. O COMPORTAMENTO SUICIDA NÃO É ALGO RELACIONADO À GENÉTICA
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Evidências científicas mais recentes apontam para uma forte existência de genes ligados a um comportamento suicida. Genes também ligados a certos transtornos mentais e abuso de drogas/álcool também podem ser considerados ligados ao suicídio, já que está englobando fatores de risco para o mesmo. Além disso, é fato que ter um histórico familiar de suicídio aumenta as chances de surgir um comportamento suicida. Porém, claro, a genética irá influir apenas como mais um fator em algumas pessoas. As tentativas de suicídio são independentes da genética em grande parte dos casos. Aliás, mesmo surgindo mais casos de suicídio dentro de uma mesma família com histórico do mesmo, outras causas podem ser muito mais fortes do que a genética, como o ambiente familiar (que tende a ser parecido ao longo de curtas gerações).
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Famílias mais conservadoras que podem cultivar um grande preconceito contra a homossexualidade, por exemplo, podem fomentar um comportamento suicida em um dos seus membros que seja homossexual. E como a homossexualidade está fortemente ligada a fatores genéticos (A homossexualidade é biológica ou social?), mais homossexuais podem aparecer na família e mais deles podem ficar tentados a cometer o suicídio. De qualquer forma, procurar na genética por fatores de risco pode ser algo muito importante no futuro dentro das medidas de prevenção. Pessoas com maiores riscos genéticos poderão ser melhor orientadas e supervisionadas desde cedo (principalmente pelos pais).
12. ARMAS DE FOGO NÃO POSSUI RELAÇÃO ALGUMA COM AS TAXAS DE SUICÍDIO
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A maior parte dos estudos científicos realizados nas últimas décadas nessa área apontam uma forte relação entre um maior número de armas de fogo disponíveis para a população e um aumento no número de suicídios.
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As armas de fogo são um dos métodos mais mortais para se cometer tal prática, enquanto outros métodos normalmente tendem a falhar (afogamento, envenenamentos diversos, facas, etc.) ou demoram tempo suficiente para um socorro chegar. E, após a falha no suicídio, o indivíduo pode tender a desistir de se matar - ao mudar de ideia sobre colocar fim à sua vida ou ter seus maiores problemas solucionados - ou acaba recebendo mais apoio das pessoas ao seu redor;
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Boa parte (mas não a maioria) das pessoas tendem a estar, quando decidem se suicidar, sob um impulso instantâneo de desprezo à vida, ou seja, agem pelo momento. Com uma arma de fogo à disposição, o ato fica mais fácil e rápido de ser cometido, enquanto outros métodos mais planejados e calculistas permitem que a pessoa tenha mais tempo para pensar durante sua preparação, fazendo-as desistir bem mais frequentemente no momento de execução. Isso também é ainda mais válido para os casos de homicídio;
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Puxar o gatilho dá uma sensação de alívio instantâneo, sem sofrimento, enquanto os outros métodos podem passar uma ideia de grande tortura antes da morte. Além disso, o ato de puxar o gatilho cria uma ilusão de que um terceiro está tirando sua vida, e não você mesmo, deixando o ato mais fácil de ser executado. Este último ponto também vale para os casos de homicídio.
13. DEPRESSÃO E COMPORTAMENTO AUTO-DESTRUTIVO SÃO RAROS NOS MAIS JOVENS
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Pelo contrário, ambas as formas são comuns em adolescentes. Depressão pode vir de diferentes formas nessa faixa de idade e até em crianças. Já comportamentos autodestrutivos surgem mais pela primeira vez na adolescência, e está tendo sua incidência aumentada ano após ano.
14. TODOS OS SUICÍDIOS SÃO LIGADOS À DEPRESSÃO
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Como já mencionado, o comportamento suicida surge a partir de uma grande gama de fatores, os quais podem estar combinados ou não. Muitos são os fatores que podem fomentar um ato suicida, e a depressão é apenas um dos mais presentes.
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O suicídio não discrimina. Pessoas de todos os gêneros, idades e etniais podem estar em risco. E reforçando mais uma vez, o comportamento suicida é complexo e não existe um única causa. Mas as pessoas em maior risco tendem a dividir certas características. Os principais fatores de risco para o suicídio são:
Depressão, outros transtornos mentais ou substâncias de abuso;
Certas condições médicas;
Dores crônicas;
Uma tentativa anterior de suicídio;
Histórico familiar de suicídio;
Histórico familiar de transtorno mental ou abuso de substâncias;
Violência familiar, incluindo abuso físico ou sexual;
Possuir armas de fogo em casa;
Ter sido liberado recentemente da prisão;
Ser exposto a outros comportamentos suicidas, como os de um membro da família, amigos ou celebridades.
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Mas é preciso lembrar que muitas pessoas podem ter esses fatores de risco porém não tentar suicídio. É importante ter em mente que o suicídio não é uma resposta normal ao estresse. Pensamentos ou ações suicidas são um sinal de extremo estresse, não apenas uma inofensiva tentativa de chamar a atenção, e não podem ser ignorados.
15. MELHORAS MARCANTES NO ESTADO MENTAL DEPOIS DE UM QUADRO DE PROFUNDA DEPRESSÃO SIGNIFICA QUE O RISCO DE SUICÍDIO NÃO MAIS EXISTE
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Aqui, o oposto pode ser verdade. Nos três meses que se seguem uma tentativa de suicídio, a pessoa está em um maior risco de terminar a execução do ato. Como já dito, uma repentina melhora no estado de espírito pode significar que a pessoa fez uma firme decisão de cometer suicídio e se sente melhor em relação à sua decisão. Além disso, logo após uma melhora em um quadro de profunda depressão, por exemplo, a pessoa ganha mais forças para cometer e planejar um ato de suicídio. É preciso ficar bem atento nesse período e buscar dar bastante apoio à pessoa.
16. A ÚNICA INTERVENÇÃO EFETIVA PARA LIDAR COM O SUICÍDIO VEM DE UM PROFISSIONAL PSICOTERAPEUTA COM GRANDE EXPERIÊNCIA NA ÁREA
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Todas as pessoas que interagem com pessoas suicidas podem ajudar a tratá-los através de suporte emocional e encorajamento. Intervenções profissionais também confiam parte do seu sucesso no apoio familiar e de amigos. Quanto mais forte a rede de suporte, maiores as chances de recuperação.
17. JOVENS SUICIDAS ESTÃO SEMPRE RAIVOSOS QUANDO ALGUÉM INTERVÉM E ELES IRÃO RESSENTIR DAQUELA PESSOA DEPOIS
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Enquanto é comum que pessoas jovens, principalmente adolescentes, mostrem resistência ou bastante defensivos no começo, esses comportamentos são frequentemente barreiras impostas para testar o quanto uma pessoa está disposta/preparada para ajudá-las. Para a maioria dos adolescentes considerando o suicídio, é um alívio ter alguém genuinamente se importando com eles e serem capazes de dividir seus fardos emocionais ou problemas com outra pessoa. Quando questionados mais tarde sobre o evento, a vasta maioria deles se sentem muito gratos pela intervenção.
18. SUICÍDIO É MAIS COMUM EM PESSOAS VIVENDO EM ÁREAS DE MENOR STATUS ECONÔMICO
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Não existe ligação definitiva entre regiões com maior ou menor status econômico e o suicídio. Apesar disso, certas regiões tendem a ter maior taxa de suicídio do que outras, devido a fatores diversos. Além disso, certas profissões mostram uma maior incidência de suicídios do que outras, como o profissional dentista, este o qual ocupa o primeiro lugar nesse quesito - mas ainda não se sabendo com exatidão o porquê, mas pode estar ligado ao acesso facilitado de substâncias de abuso, algo que também explicaria o porquê dos profissionais de saúde em geral também estarem ligados a um maior índice de suicídios .
19. OS SUICÍDIOS TENDEM A OCORRER MAIS EM PERÍODOS DE FÉRIAS
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A ideia de que mais suicídios ocorrem em períodos de férias (como no meio do ano - Julho - e no final do ano - Dezembro) é um dos mais perpetuados mitos. Nos EUA por exemplo, o Centro de Estatísticas de Saúde do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças norte-americano) mostra que a taxa de suicídio em Dezembro, por exemplo, é a menor do ano. Os picos máximos ocorrem, por lá, no verão e no outono.
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Esse mito pode acabar dificultando as campanhas de prevenção por direcioná-las para períodos onde supostamente existem maiores taxas de suicídio, ao invés de serem intensificadas em outras datas mais importantes.
20. NÃO EXISTEM DIFERENÇAS ENTRE HOMENS E MULHERES EM RELAÇÃO AO SUICÍDIO
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Na verdade, existem diferenças marcantes. Homens são mais prováveis de morrerem por suicídio do que as mulheres (4 vezes mais), mas estas tentam se suicidar mais (3 a 4 vezes mais). Nesse sentido, homens tendem a usar métodos mais mortais de suicídio, como armas de fogo e sufocação. Mulheres tendem a usar mais o envenenamento. Dados do CDC mostram que a maior taxa de suicídio entre as mulheres fica na faixa entre os 45 e 64 anos de idade, enquanto nos homens fica a partir dos 75 anos. Existem diferenças também entre raças e etnias quanto à prevalência de suicídios, dependendo da população sendo analisada.
21. AS DIFERENÇAS DE NÚMERO ENTRE TENTATIVAS E EXECUÇÕES DE SUICÍDIO NÃO SÃO GRANDES
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Muitas vezes as pessoas tendem a prestar atenção ou noticiar mais os suicídios executados, deixando de lado as tentativas. Assim, mesmo o número de suicídios sendo alto, a preocupação com esse problema de saúde pública fica perigosamente subestimada. Em 2016, nos EUA, cerca de 1600 jovens ente 15 e 19 anos de idade cometeram suicídio, 3,4 milhões nessa fase de idade pensaram seriamente em cometer suicídio e 1,7 milhões fizeram uma tentativa de suicídio, onde 590 mil dessas tentativas resultaram em danos suficientemente sérios que requereram atenção médica. Em outras palavras, para cada suicídio executado, diversas outras tentativas ocorrem. E as tentativas também geram grande impacto em familiares e outros membros próximos em grande parte das vezes, além de poderem resultar em danos corporais muito sérios. Portanto, o problema é grave e não deve ser subestimado.
22. OUVIR CERTOS TIPOS DE MÚSICA PODE LEVAR ALGUÉM A APRESENTAR COMPORTAMENTO SUICIDA
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Não, não existe evidências científicas para basear tal suposição.
23. O SUICÍDIO É SEMPRE UM ATO IMPULSIVO
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Apesar de traços impulsivos já terem mostrado aumentar o risco de suicídio em alguns grupos, especialmente naqueles com transtornos bipolares e abuso alcoólico, décadas de pesquisa mostram que a maioria daqueles que cometem suicídio não o fazem de modo impulsivo. Na verdade, o mais comum é existirem estágios no desenvolvimento da intenção suicida, iniciando-se geralmente com a imaginação ou a contemplação da ideia suicida. Posteriormente, um plano de como se matar, que pode ser implementado por meio de ensaios realísticos ou imaginários até, finalmente, culminar em uma ação destrutiva concreta. Achar que suicídios são sempre impulsivos pode diminuir os esforços de prevenção, já que os atos seriam feitos rápidos demais para deixarem sinais de aviso (outro mito já explorado) ou um tempo mínimo para efetiva intervenção.
24. O SUICÍDIO É UM ATO DE COVARDIA (OU DE CORAGEM)
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O que dirige a ação auto-infligida é uma dor psíquica insuportável e não uma atitude de covardia ou coragem.
AÇÕES QUE PODEM SER TOMADAS PARA AJUDAR ALGUÉM COM DOR EMOCIONAL
1. Pergunte: "Você está pensando em tirar sua própria vida?" Não é uma questão fácil de se perguntar, mas estudos mostram que perguntar para um indivíduo se eles são suicidas não aumentam o número de suicídios ou pensamentos suicidas (como já discutido anteriormente). Para chegar a essa pergunta, pode-se tentar ir de forma gradual, inciando com, por exemplo, “Como você se sente ultimamente?” “Existem muitos problemas na sua vida?”.
2. Mantenha a pessoa segura: Reduzir o acesso a itens ou locais perigosos/letais é um importante passo para a prevenção de suicídios. Apesar de não ser uma tarefa fácil, perguntar à pessoa em risco de suicídio se ela possui um plano e remover/inutilizar os meios letais para tal pode fazer a diferença.
3. Esteja lá: Ouça atentamente e aprenda o que o indivíduo em risco está pensando ou sentindo. Mais uma vez, discutir sobre o suicídio pode ajudar e não aumentar os pensamentos suicidas.
4. Ajude-o a se conectar: Facilite o acesso da pessoa em risco aos amigos, familiares - tanto os seus de confiança como os dele - e profissionais da área. Poucas pessoas que se suicidam procuram contato com serviços de saúde antes de morrerem, e você pode ser uma ponte nesse sentido.
5. Permaneça conectado: Continuar em contato com a pessoa em risco depois de uma crise ou depois dela ser liberada de cuidados especiais pode fazer uma significativa diferença. Estudos mostram que o número de mortes por suicídio diminui quando as pessoas continuam apoiando os indivíduos em risco passados os momentos de maior gravidade.
Fique atento também às frases de alerta. Por trás delas estão os sentimentos de pessoas que podem estar pensando em suicídio. São quatro os sentimentos principais de quem pensa em se matar. Todos começam com “D”: depressão, desesperança, desamparo e desespero (regra dos 4D). Nesses casos, se surgir frases de alerta do tipo 4D, é preciso investigar cuidadosamente o risco de suicídio. Como exemplos:
TRATAMENTOS E TERAPIAS
Além do apoio familiar e de pessoas próximas, tratamentos e terapias médicas específicas podem ser um grande auxiliar. Como são múltiplos os fatores de risco para o suicídio (idade, saúde mental, gênero, etc.), tais procedimentos também irão variar bastante, e muitos deles focarão em fatores de saúde mental (depressão e ansiedade, por exemplo) que podem disparar comportamentos suicidas. Entre eles:
1. Psicoterapias: É o uso de métodos psicológicos para ajudar a pessoa a mudar e superar problemas a partir de caminhos desejados. A psicoterapia visa a melhora do bem-estar e saúde mental do paciente, resolver comportamentos problemáticos, crenças, compulsões, pensamentos - ou emoções - ou melhorar as habilidades sociais e relações amorosas/sociais. Existem diversas técnicas, as quais podem englobar a interação um-a-um (mais comum) entre cliente e terapista ou grupos (incluindo famílias). A maioria das psicoterapias ocorrem em locais licenciados e com profissionais de saúde mental treinados - o recomendado, obviamente.
2. Medicamentos: Alguns indivíduos em risco de suicídio podem se beneficiar de medicamentos prescritos por profissionais de saúde. A clozapina, por exemplo, é um antipsicótico usado para tratar indivíduos com esquizofrenia e também para diminuir os riscos de suicídio nos mesmos (o único aprovado pelo FDA - Agência de Drogas e Alimentos dos EUA - para esse fim específico).
O QUE MAIS PODE SER FEITO?
Frequentemente, doenças psiquiátricas são vistas diferentemente de outros problemas médicos. Porém, todo esforço de saúde pública deve ser precedido por pesquisas e evidências científicas para que programas de prevenção ou tratamento sejam planejados, implementados e analisados apropriadamente. E, infelizmente, é comum programas de prevenção ao suicídio não usarem evidências baseadas em pesquisa ou metodologias práticas. E isso precisa mudar.
Além disso, maiores campanhas precisam ser colocadas em prática para se vencer o tabu que cerca a questão. Geralmente as notícias na mídia mais sensacionalizam o suicídio - apenas o reportam buscando audiência - sem tentar ao mesmo tempo conscientizar a população sobre o assunto. E mesmo quando parte da mídia tenta entregar informações de ajuda e conscientização, tais esforços acabam ocorrendo apenas quando um evento ou produto de forte impacto social surge, como o recente e polêmico caso do jogo ´Baleia-Azul´ - um sistema virtual de disputas que inclui desafios que podem induzir ao suicídio e a excelente, e também recente, série da Netflix ´13 Reasons Why´ (´Treze Razões´).
Órgãos governamentais também só buscam agir ou fomentar campanhas em momentos específicos e de forma muito escassa. Temas graves e importantes como esse precisam de maior visibilidade, e não apenas ficar confinados em espaços de pesquisa acadêmica. A conscientização precisa alcançar a população como um todo, tanto em escolas quanto no lar.
Como tudo na vida, o trabalho em equipe faz sempre a diferença e é preciso nos lembrar que ninguém é uma ilha. A sociedade precisa agir no sentido da união e evitar o máximo possível as atitudes egoístas. Um problema hoje pode não atingir sua família, mas ninguém pode prever como exatamente será o dia de amanhã.
OBS.: Existe também um debate científico sobre se os ataques terroristas suicidas entram ou não na esfera dos suicídios relativos à um problema de saúde pública. No geral, apesar de existir uma crença bastante disseminada de que os terroristas suicidas não são suicidas, as evidências para essa afirmação são fracas segundo alguns pesquisadores. Por envolver assuntos religiosos e políticos, a questão acaba ficando muito complexa e conflituosa.
Além disso, como busca-se mais combater o terrorismo do que atender às necessidades individuais dos terroristas, os dados coletados acabam sendo mínimos, sem contar a dificuldade em fazer tais análises dentro de organizações terroristas. Mas evidências de que uma pequena parte dos terroristas possam ser suicidas existem, e pesquisas nessa área podem ajudar a identificar potenciais terroristas suicidas sendo recrutados.
Fontes de Pesquisa