Você não pode mudar o que sente, mas pode aprender o que fazer com seus sentimentos. Nós do LIV – Laboratório Inteligência de Vida – acreditamos nesse conceito e por isso levamos para escolas de todo o Brasil um programa de educação socioemocional que ajuda estudantes a conhecerem seus sentimentos e a desenvolverem habilidades para a vida.
Você não pode mudar o que sente, mas pode aprender o que fazer com seus sentimentos. Nós do LIV – Laboratório Inteligência de Vida – acreditamos nesse conceito e por isso levamos para escolas de todo o Brasil um programa de educação socioemocional que ajuda estudantes a conhecerem seus sentimentos e a desenvolverem habilidades para a vida.
O QUE É DEPRESSÃO
A OMS define depressão como um transtorno mental caracterizado por tristeza, perda de interesse, ausência de prazer, oscilações entre sentimentos de culpa e baixa autoestima, além de distúrbios do sono ou do apetite. O quadro também costuma trazer sensação de cansaço e falta de concentração. A doença pode ser de longa duração ou recorrente. Na sua forma mais grave, pode levar ao suicídio. Casos de depressão leve podem ser tratados sem medicamentos e com terapia. Mas, na forma moderada ou grave, pode haver indicação de medicação. Quanto mais cedo se reconhece os sintomas e se começa o tratamento, melhores são os resultados.
Em termos biológicos, é o neurotransmissor chamado de Serotonina quem controla o desejo de comer, o sono, o humor e cognição. Em baixa quantidade pode trazer algumas consequências para as pessoas e geralmente está relacionada com transtornos depressivos. Em pessoas com depressão existe uma diminuição da produção de serotonina no cérebro, além de uma alteração na função dos receptores deste neurotransmissor. Desse modo, o sistema serotoninérgico fica deficitário.
Não existe um fator único para as baixas concentrações de serotonina no cérebro, a causa pode vir desde fatores ambientais à probabilidades genéticas e neurobiológicas
POR QUE OS JOVENS TEM DEPRESSÃO
O transtorno depressivo em jovens geralmente tem seu auge em épocas estressantes como vestibular, sofrimento de perdas, ambiente familiar instável e mudanças de hábito repentinas.
Crises de ansiedade são extremamente comuns em jovens que estão passando pelo último ano do ensino médio. A frustração, o esgotamento, o sentimento de não saber lidar com aquela pressão excessiva para passar em uma faculdade ou até mesmo a dúvida de não saber que curso escolher. Com todas essas coisas ao redor, o indivíduo pode se sentir um fracassado e reter pensamentos negativos, o que mais tarde pode gerar um transtorno depressivo.
Além disso, a adolescência é um período complicado por ser a fase da vida em que constrói-se a maior parte dos traços de personalidade que nos acompanharão dali em diante. É um momento de diversas descobertas e é muito comum jovens serem pressionados -até mesmo por si mesmos- para serem parte de um grupo, a imitar ações que às vezes podem gerar consequências inimagináveis, fisicamente e mentalmente.
Algo que vem sendo alarmante é a construção da famosa ''Geração Canguru'' na sociedade do século XXI. Essa geração canguru é um fenômeno mundial, não necessariamente por falta de condições dos filhos saírem de casa, mas por livre escolha tanto deles quanto dos pais. Preferem fazer graduação, mestrado ou doutorado permanecendo na casa paterna, retardam a formação de uma nova família e também buscam mais comodidade.
Essa recusa tanto por parte dos pais, como por partes dos filhos em iniciar sua vida fora da redoma familiar, pode ser bastante custosa. Os pais devem buscar certo equilíbrio na criação de seus filhos: quando há liberdade demais e os jovens tendem a fazer tudo o que querem, muitas vezes fora do olhar dos responsáveis, pode ser prejudicial. Todavia, quando há superproteção, quando um pai vigia o filho 24h por dia, acaba por impedir que o mesmo tenha suas próprias experiências de vida, o que além de atrapalhar na formação individual do jovem, pode deixá-lo desestabilizado emocionalmente e inseguro com as relações interpessoais, acarretando em transtornos psicológicos e sociais.
COMO LIDAR COM A DEPRESSÃO
Para lidar com um jovem depressivo, primeiramente deve-se ter em mente que nem todo indivíduo deprimido agirá de forma semelhante. Ter depressão não é sinônimo de ficar em casa, deitado na cama a maior parte do tempo. O transtorno depressivo age silenciosamente e é necessário ter a mínima atenção para as mudanças de comportamento de amigos e/ou familiares. Muitos jovens agem com extrema irritabilidade e alguns podem ter picos de felicidade seguidos de picos de tristeza sem motivo aparente. A depressão é uma doença mental, ou seja, um amigo pode estar sorrindo e fazendo piadas por fora, porém por dentro está tendo pensamentos suicidas.
Atente-se para o fato de que se você tem um amigo com histórico de depressão e este parece estar minimamente feliz, cuidado! Tais indivíduos podem já ter definido o suicídio como uma opção e estão fazendo os últimos preparos. Tenha em mente que não tem problema conversar com o depressivo sobre sua doença, na verdade, é bastante importante e saudável que você demonstre empatia pelos sentimentos dele, não se acanhe em perguntar ''você teve pensamentos suicidas hoje?'' ou ''você se cortou hoje?'' para um amigo ou familiar com depressão. Escute-o com atenção e demonstre afeto, diga o quanto essa pessoa significa para você e mostre que você o apoia independentemente de sua decisão.
A paciência é essencial. Na maior parte das vezes o familiar ou amigo não vai facilitar a situação para você, o que pode te deixar irritado. ''Em geral, a pessoa deprimida afasta-se de todos e distorce o fato dizendo que todos a abandonaram, portanto não é incomum que o deprimido trate mal quem o auxilia. É importante saber que isto faz parte da doença. Não é uma tarefa fácil e nem agradável''. Daniela da Rocha Paes Peres, psicanalista e terapeuta de casais e família.
Em hipótese alguma julgue uma pessoa depressiva pelos seus atos, a depressão é uma doença que impede que a pessoa consiga enxergar além da bolha em que vive, além dos pensamentos ruins que a rodeiam. Nenhum indivíduo com depressão e/ou pensamentos depressivos quer morrer, ninguém deseja morrer. Lembre-se disso. Entenda que antidepressivos servem para fazer que o suicida veja outras opções além da que ele pensa ser a única. Esteja ciente de que além do tratamento com psicólogo, terapeuta, psiquiatra e antidepressivos, seu amigo/familiar também precisa de você ao seu lado. A sua presença e amizade já é um grande passo para o tratamento da depressão.
VISÃO CLÍNICA
De acordo com a “American Psychiatric Association”, um episódio de depressão é indicado pela presença de 5 ou mais dos seguintes sintomas, quase todos os dias, por um período de pelo menos duas semanas:
* Estado de espírito depressivo durante a maior parte do dia;
* Interesse ou prazer pela maioria das atividades claramente diminuídos;
* Diminuição do apetite, perda ou ganho significativo de peso na ausência de regime alimentar (geralmente, uma variação de pelo menos 5% do peso corpóreo);
* Insônia ou hipersônia;
* Agitação psicomotora ou apatia;
* Fadiga ou perda de energia;
* Sentimento exagerado de culpa ou de inutilidade;
* Diminuição da capacidade de concentração e de pensar com clareza;
* Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida ou qualquer tentativa de atentar contra a própria vida.
Na ausência de tratamento, os episódios de depressão duram em média oito meses. Durações mais longas, no entanto, podem ocorrer em casos associados a outras patologias psiquiátricas e em filhos de pais que também sofrem de depressão.
A doença é recorrente: para quem já apresentou um episódio de depressão a probabilidade de ter o segundo em dois anos é de 40%, e de 72% em 5 anos.
Em pelo menos 20% dos pacientes com depressão instalada na infância ou adolescência, existe o risco de surgirem distúrbios bipolares, nos quais fases de depressão se alternam com outras de mania, caracterizadas por euforia, agitação psicomotora, diminuição da necessidade de sono, idéias de grandeza e comportamentos de risco.
Antes da puberdade, o risco de apresentar depressão é o mesmo para meninos ou meninas. Mais tarde, ele se torna duas vezes maior no sexo feminino. A prevalência da enfermidade é alta: depressão está presente em 1% das crianças e em 5% dos adolescentes.
Ter um dos pais com depressão aumenta de 2 a 4 vezes o risco da criança. O quadro é mais comum entre portadores de doenças crônicas como diabetes, epilepsia ou depois de acontecimentos estressantes como a perda de um ente querido. Negligência dos pais e/ou violência sofrida na primeira infância também aumentam o risco.
É muito difícil tratar depressão em adolescentes sem os pais estarem esclarecidos sobre a natureza da enfermidade, seus sintomas, causas, provável evolução e as opções medicamentosas.
A terapia comportamental mostrou eficácia em ensaios clínicos e parece dar resultados melhores do que outras formas de psicoterapia.
Por meio dela, os especialistas procuram ensinar aos pacientes como encontrar prazer em atividades rotineiras, melhorar as relações interpessoais, identificar e modificar padrões cognitivos que conduzem à depressão.
Outro tipo de psicoterapia eficaz em ensaios clínicos é conhecida como terapia interpessoal. Nela, os pacientes aprendem a lidar com dificuldades pessoais como a perda de relacionamentos, decepções e frustrações da vida cotidiana. O tratamento psicoterápico deve ser mantido por seis meses, no mínimo.
Como o abuso de drogas psicoativas e o suicídio são consequências possíveis de quadros depressivos, os familiares devem estar atentos e encaminhar os doentes a serviços especializados assim que surgirem os primeiros indícios de que esses problemas possam estar presentes.
Drª Zilda Lopes Rombaldi
Psicóloga Titular do CEPMG NN
Psicóloga Educacional
CRP 09/2098
OS MITOS DA DEPRESSÃO - UM OLHAR DIFERENCIADO
"Atualmente no Brasil, temos 5,8% da população sofrendo de depressão, ou seja, um total de 11,5 milhões de brasileiros. Ainda de acordo com a OMS, entre os países da América Latina, o Brasil é o que possui maior número de pessoas em depressão.*
Ou seja, a depressão requer um “cuidado especial”, pois o maior aliado dessa doença é o preconceito. Esse preconceito se deve principalmente à falta de informação, pois até bem pouco tempo esse mal era confundido como “preguiça”, “frescura”, “falta do que fazer”... na verdade, a partir dos dados acima, fica muito fácil perceber que a depressão precisa ser tratada. O tratamento mais adequado para combater a depressão é o médico e farmacológico aliado à psicoterapia com profissional especializado.
Para se combater eficazmente a depressão é preciso que se combata antes de mais nada essa desinformação, pois graças a ela, os pacientes em geral aos primeiros sinais de melhora já abandonam o tratamento, acreditando assim estarem totalmente curados, quando na verdade, essa primeira evolução que acontece em quase todos os casos, deve ser vista como uma oportunidade para que o tratamento com psicólogo (psicoterapia) tenha sucesso, pois nesse momento o paciente estará mais disposto e adquirir mudanças em seus comportamentos e seus hábitos de vida.
Esse alerta serve sobretudo para vocês pais, familiares e professores para que estejam atentos aos sinais descritos no texto acima. O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de sucesso no tratamento, portanto tenham um olhar mais amoroso e cuidadoso para com nossos jovens".
*Segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS)