Você não pode mudar o que sente, mas pode aprender o que fazer com seus sentimentos. Nós do LIV – Laboratório Inteligência de Vida – acreditamos nesse conceito e por isso levamos para escolas de todo o Brasil um programa de educação socioemocional que ajuda estudantes a conhecerem seus sentimentos e a desenvolverem habilidades para a vida.
Você não pode mudar o que sente, mas pode aprender o que fazer com seus sentimentos. Nós do LIV – Laboratório Inteligência de Vida – acreditamos nesse conceito e por isso levamos para escolas de todo o Brasil um programa de educação socioemocional que ajuda estudantes a conhecerem seus sentimentos e a desenvolverem habilidades para a vida.
O que é TOD
O transtorno desafiador opositivo é um padrão recorrente ou persistente de comportamento negativo, desafiador ou mesmo hostil direcionado contra figuras de autoridades, professores e aos pais. O diagnóstico é por critérios clínicos. O tratamento é feito com psicoterapia individual associada a psicoterapias dos pais e responsáveis. Ocasionalmente podem ser utilizados fármacos para reduzir a irritabilidade. Se manifesta durante a infância e adolescência, e comportamento vai além do comportamento típico desafiador ou de oposição observável em crianças em desenvolvimento.
Estimativas da prevalência do transtorno desafiador opositivo variam muito porque os critérios diagnósticos são altamente subjetivos e a prevalência em crianças e adolescentes pode chegar a 15%. Antes da puberdade o número de meninos afetados é maior do que o das meninas, e após a puberdade esta diferença fica menor.
Embora o transtorno desafiador opositivo seja, às vezes, visto como uma “versão leve” do transtorno de conduta, as semelhanças entre os dois transtornos são apenas superficiais. O atributo essencial desse transtorno é um estilo interpessoal caracterizado por irritabilidade e desafio. A criança com um distúrbio de conduta, entretanto, aparente e não conscientemente, viola repetidas vezes os direitos dos outros (p. ex., bullying, ameaçando ou causando danos, sendo cruel com os animais), às vezes sem qualquer evidência de irritabilidade.
A etiologia do transtorno desafiador opositivo é desconhecida, mas é provavelmente mais comum em crianças de famílias cujos adultos se envolvem em conflitos estridentes, controvertidos e interpessoais. Este diagnóstico não deve ser visto como um distúrbio circunscrito, mas sim como um indicador de problemas de base que podem precisar, no futuro, de investigação e tratamento.
Sinais e Sintomas
O Transtorno Opositivo Desafiador geralmente se manifesta na infância, podendo prevalecer até na adolescência e início da vida adulta. Geralmente, são professores em sala de aula que percebem os primeiros sinais do transtorno, visto que a escola é um ambiente com regras e combinados. Crianças com TOD exibem comportamentos desafiadores e desobedientes de maneira recorrente. Elas têm dificuldade em controlar suas emoções, e como geralmente esse transtorno está ligado à criança, ela sente dificuldade em organizar os próprios pensamentos e sentimentos, apresentando comportamentos desafiadores como crises de raiva e/ou choro.
Em geral, as crianças com transtorno desafiador opositivo tendem frequentemente a apresentarem os seguintes sintomas e ações:
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Impacientar-se fácil e repetidamente
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Argumentar com os adultos
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Desafiar os adultos
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Recusam-se a obedecer regras
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Deliberadamente aborrecem as pessoas
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Culpam os outros pelos seus próprios erros ou mau comportamento
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Aborrecem-se e zangam-se facilmente
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São rancorosas e vingativas
Diagnostica-se o transtorno desafiador opositivo se as crianças tiveram ≥ 4 dos sintomas acima durante pelo menos 6 meses. Os sintomas devem ser graves e desagregadores. Muitas crianças afetadas também não possuem habilidades sociais.
Uma coisa que tem que ficar clara é que ninguém gosta de ser frustrado, o que acontece é que crescemos e vamos aprendendo a lidar com essas frustrações e por isso, essas crianças que têm TOD, entendem de uma maneira diferente as regras e os limites, achando que aquilo com elas é mais ofensivo do que com outras crianças.
Por isso, elas tendem a argumentar e desafiar constantemente figuras de autoridade, como pais, professores e outros adultos. Além disso, podem manifestar irritabilidade crônica, demonstrar ressentimento em relação a regras e limites e não saber controlar uma crise de irritabilidade quando são desafiadas a obedecerem.
Quais intervenções e tratamentos são indicados para o TOD?
É essencial buscar apoio profissional ao lidar com o Transtorno Opositivo Desafiador. Um diagnóstico preciso por parte de um profissional de saúde mental é fundamental. Dependendo da gravidade dos sintomas, diferentes abordagens terapêuticas podem ser recomendadas.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) pode auxiliar as crianças a desenvolver habilidades de controle emocional e gerenciamento de comportamento.
Além disso, programas de treinamento para pais podem ser eficazes no fornecimento de estratégias para lidar com os desafios associados ao TOD. Geralmente o tratamento não é medicamentoso, mas o uso de medicamento só pode ser associado quando a pessoa se machuca, ou por alguma agitação que não está diretamente ligada ao TOD, como o TDAH, por exemplo
O transtorno desafiador opositivo deve ser diferenciado dos seguintes, que podem causar sintomas semelhantes:
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Comportamentos opositivos leves a moderados: esses comportamentos ocorrem periodicamente em quase todas as crianças e adolescentes.
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Transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDAH) não tratado: os sintomas que lembram os do transtorno desafiador opositivo geralmente desaparecem quando o TDAH é tratado adequadamente.
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Transtornos do humor: irritabilidade causada por depressão pode ser distinguida do transtorno desafiador opositivo pela presença de anedonia e sintomas neurovegetativos (p. ex., distúrbios do sono e do apetite); esses sintomas são facilmente negligenciados em crianças.
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Transtornos de ansiedade e transtorno desafiador opositivo: nesses transtornos, os comportamentos opositivos ocorrem quando as crianças têm ansiedade incontrolável ou quando são impedidas de realizar seus rituais.
Problemas de base (p. ex., disfunções familiares) e doenças coexistentes (p. ex., transtorno de deficit de atenção/hiperatividade [TDAH]) devem ser identificados e corrigidos. Entretanto, mesmo sem medidas corretivas ou tratamento, a maioria das crianças com transtorno desafiador opositivo melhora gradativamente com o tempo.
Inicialmente, o tratamento de escolha para o transtorno desafiador opositivo é um programa de modificação do comportamento baseado em recompensas projetado para tornar os comportamentos da criança mais socialmente apropriados. Além disso, muitas destas crianças podem beneficiar-se com a terapia de grupo que edifica habilidades sociais. Às vezes, os fármacos utilizados para tratar transtornos depressivos ou de ansiedade (ver tabela Fármacos para o tratamento de longo prazo da depressão, ansiedade e transtornos relacionados) podem ser benéficos.
Pontos-chave
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No transtorno desafiador opositivo, as crianças geralmente perdem frequentemente a paciência, desafiam os adultos, desconsideram as regras e intencionalmente incomodam outras pessoas.
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Inicialmente, utilizar um programa de modificação de comportamento baseado em recompensas para tornar os comportamentos da criança mais socialmente apropriados; às vezes fármacos utilizados para tratar transtornos de depressão e ansiedade podem ajudar.
Lidando com Transtorno Opositivo Desafiador no dia a dia
Enquanto o tratamento profissional é essencial, existem algumas dicas que podem ajudar os pais e pessoas cuidadores no dia a dia a promoverem uma experiência mais saudável para pessoas com esse transtorno. Como:
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Estabelecer rotinas consistentes — definir limites claros e reforçar comportamentos positivos podem contribuir para o manejo do Transtorno Opositivo Desafiador;
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Buscar o apoio — de grupos de apoio e educar-se sobre a condição;
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Terapia para pessoas cuidadoras e professores da criança — para entender como auxiliar em comportamentos desafiadores como as crises.
A intervenção não pode ser verbal ou física. Na hora de uma crise de TOD, a criança precisa se acalmar para fazer a abordagem, pois a criança não vai entender a abordagem no momento em que tem muito a processar.
Desobediência no autismo nem sempre significa TOD
Muitas pessoas acreditam que o transtorno se resume em apenas desobediência, e por isso imaginam que crianças autistas também têm o transtorno por simplesmente não aceitarem um combinado, mas não é bem assim.
Levar em conta o diagnóstico diferencial, muitas crianças com TEA não entendem as ordens, mas ela não entende e não quer mudar, como, por exemplo, uma mudança na rotina, isso vai deixar ansiosa, mas não significa que ela tem TOD. E como diferenciar se a criança está lidando com uma ansiedade pela falta de previsibilidade, ou se está sofrendo uma crise por conta do TOD?
As crianças autistas, que também lidam com o Transtorno Opositivo Desafiador, vão ser bem mais opositoras às regras, é um comportamento desafiador que prevalece independente da mudança da rotina.
Qual a prevalência de TOD em pessoas com autismo?
Existem estudos que investigaram a prevalência do Transtorno Opositivo Desafiador em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Embora os resultados variem entre os estudos, algumas pesquisas sugerem que a taxa de ocorrência do TOD em crianças autistas pode ser mais alta do que em pessoas típicas.
O que temos que ter em mente, é que o TOD é muito frequente, então se fizer contas matemáticas, 15% das crianças têm TOD e 2% das crianças tem a chance de ter TEA, então há uma possibilidade grande de que você vai ter uma criança que apresente TEA e TOD.
Um estudo publicado na revista científica “National Library of Medicine” examinou a prevalência do TOD em crianças com TEA, devido às crises de estresse constantes. Os resultados indicaram que a taxa de transtorno entre crianças autistas era significativamente maior em comparação com crianças sem TEA.
No entanto, é importante ressaltar que a presença de TOD em crianças autistas pode variar amplamente, e nem todas as crianças autistas apresentam esse transtorno comórbido. Embora esse estudo e outros forneçam algumas evidências da associação entre o TOD e o TEA, é importante reconhecer que a ocorrência desses transtornos pode variar. Cada pessoa é única, e o diagnóstico e o tratamento devem ser feitos por profissionais de saúde qualificados com base nas necessidades individuais de cada criança.
É fundamental compreender que, apesar do Transtorno Opositivo Desafiador causar danos à saúde e ao bem-estar da pessoa, com intervenções adequadas, é possível promover um ambiente de compreensão e apoio, permitindo que a pessoa desenvolva habilidades para lidar melhor com suas emoções e comportamentos desafiadores.
Com a ajuda de profissionais da saúde mental, é possível trabalhar em conjunto para encontrar estratégias e soluções que melhorem a qualidade de vida, fortalecendo os laços familiares e promovendo o bem-estar geral.
A importância da inclusão
Estigmatizar meninos e meninas como “criança difícil” ou “criança problema” pode afastar colegas e dificultar interações saudáveis. Por isso, reconhecer nos pequenos seus pontos positivos é fundamental para fortalecer a autoestima deles.
Na escola, atividades como apagar um quadro ou ajudar a distribuir atividades para a turma são práticas educacionais simples, mas que contribuem para motivação em participar das aulas.
Em casa, pais e familiares também podem incluir a criança ou adolescente nas atividades de organização e limpeza, a depender da faixa etária. Contudo, combinados preestabelecidos podem ajudar meninos e meninas a ter isso como um compromisso a ser seguido.
Perguntas Frequentes
Existem remédios para tratar TOD?
Em alguns casos, quando os sintomas são muito intensos ou o TOD está associado a outro transtorno, é necessário fazer o uso de remédios para melhorar a qualidade de vida da criança. Nesse caso, o psicólogo ou terapeuta deve encaminhar a criança para um psiquiatra. Vale lembrar que nesses casos a terapia é complementar e fundamental também.
A Escola pode ajudar crianças com TOD?
Para as crianças, é muito importante que exista apoio e compreensão dentro de casa e no ambiente escolar. Com informação sobre o transtorno é possível fazer uso de uma educação mais sensível e compreensiva. Para isso, o ideal é que tanto a família, quanto a escola, tenham informações suficientes para lidar com essa situação da melhor maneira possível.
Como a família pode ajudar?
Como já mencionamos acima, a família é uma rede de apoio muito importante quando a criança foi diagnosticada com Transtorno Opositivo Desafiador. Mas, lidar com isso não é uma missão fácil. Por isso, separamos algumas dicas do que a família pode fazer para lidar melhor e ajuda a criança opositiva-desafiante:
Trabalhe em conjunto com os educadores e especialistas
Esse é um dos passos muito importantes durante o tratamento, é preciso que todo o trabalho feito na terapia tenha um reflexo dentro de casa e na escola. Superar e aprender a lidar com esse transtorno é muito difícil para a criança também. Por isso, é fundamental que todos os seus ambientes de convívio facilitem isso. Comunique-se com o terapeuta e educadores do seu filho e estabeleça uma unidade segura e coerente.
Estabeleça uma comunicação clara
Um dos maiores desafios é superar a barreira entre a criança e a figura de autoridade. Para isso, é preciso ser claro sobre as regras e ordens dentro de casa. Tenha uma postura firme, mas ao mesmo tempo respeitosa e busque estabelecer os limites com clareza.
Seja paciente e compreensivo
Assim como na terapia, busque reforçar aspectos positivos e melhora de comportamento da criança. Seja paciente quando as coisas saírem do controle e evite uma comunicação agressiva.
Dica de especialista
Um ambiente familiar acolhedor, aliado ao tratamento medicamentoso e terapêutico contribuirá para que o paciente leve uma vida mais feliz. Rotina diária, atividades de relaxamento como meditação, pintura, música e esporte são atividades que contribuirão para a qualidade de vida do indivíduo com TOD.
Ao identificar sintomas do Transtorno Opositivo Desafiador o primeiro passo é procurar ajuda de um psicólogo. Esse especialista avaliará a recorrência e intensidade dos sintomas, definindo assim qual a melhor abordagem e tratamento.
A terapia familiar também pode te auxiliar a lidar melhor com essa situação. Então, não hesite na hora de procurar ajuda, você não precisa passar por isso sozinho.
Se você sente que precisa de apoio, não hesite. Encontre um profissional para te ajudar. Bem-estar deve ser uma prioridade e é um direito de todos.
MSD - Manual Saúde para a Família
Josephine Elia, MD - Sidney Kimmel Medical College of Thomas Jefferson University
Antonio A. Belelli - Neuropedagogo, Neurocientista e Mestre em Educação.
LEITE, Lucas de Holanda; CAMPOS, Eugenio de Moura. Transtorno desafiador de oposição em crianças: uma revisão da literatura brasileira. 56. 1; 38-43, 2016
Serra-Pinheiro, Maria Antonia; Schmitz, Marcelo; Mattos, Paulo; Souza, Isabella. Transtorno desafiador de oposição: uma revisão de correlatos neurobiológicos e ambientais, comorbidades, tratamento e prognóstico.
Katia Soraia Gimenez Valvezan - Psicóloga do Zenklub: