Você não pode mudar o que sente, mas pode aprender o que fazer com seus sentimentos. Nós do LIV – Laboratório Inteligência de Vida – acreditamos nesse conceito e por isso levamos para escolas de todo o Brasil um programa de educação socioemocional que ajuda estudantes a conhecerem seus sentimentos e a desenvolverem habilidades para a vida.
Você não pode mudar o que sente, mas pode aprender o que fazer com seus sentimentos. Nós do LIV – Laboratório Inteligência de Vida – acreditamos nesse conceito e por isso levamos para escolas de todo o Brasil um programa de educação socioemocional que ajuda estudantes a conhecerem seus sentimentos e a desenvolverem habilidades para a vida.
Quem nunca se olhou no espelho e pensou no que poderia ser melhor? Se em certa medida isso é natural, existem casos que pedem atenção. Pessoas podem ter uma imagem distorcida de si mesmas, preocupando-se excessivamente com falhas na aparência que geralmente são imperceptíveis para os outros. Elas desviam do espelho para não encarar o próprio rosto ou, ainda, sentem um magnetismo insuportável e gastam horas analisando detalhes específicos que lhe desagradam.
Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) está relacionado a uma obsessão compulsiva com a própria imagem. Pessoas com esse transtorno apresentam altos níveis de ansiedade e ideias irracionais sobre seu estado físico. Dessa forma, pode desencadear efeitos destrutivos em suas vidas, desenvolvendo hábitos que afetam negativamente sua qualidade de vida. Portanto, hábitos diários prejudiciais têm um impacto significativo na maneira como essas pessoas vivem seu dia a dia e afetam sua autoestima.
O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC), ou síndrome da feiúra imaginária, atinge cerca de 2% da população mundial, como mostram os dados do estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Aqui no Brasil, cerca de 4 milhões de pessoas, entre 15 e 30 anos, sobretudo mulheres, já foram diagnosticadas com o TDC.
Sintomas do transtorno dismórfico corporal
Os sintomas do transtorno dismórfico corporal podem surgir de maneira gradativa ou súbita, variar de intensidade e costumam persistir se não forem adequadamente tratados. O rosto ou a cabeça costumam ser os principais motivos de preocupação, mas ele pode estar relacionado a qualquer outra parte ou várias partes do corpo, e pode mudar de uma parte do corpo para outra. Por exemplo, é possível que a pessoa esteja preocupada com supostos defeitos, como queda de cabelo, acne, rugas, cicatrizes, cor da pele ou excesso de pelo facial ou corporal.
Uma pessoa também pode concentrar-se na forma ou no tamanho de uma parte do corpo, como o nariz, os olhos, as orelhas, a boca, os seios, as pernas ou as nádegas. Alguns homens com constituição física normal, ou até mesmo atlética sentem que seus músculos não são grandes o suficiente e tentam obsessivamente aumentar o peso e os músculos, um transtorno denominado dismorfia muscular. É possível que a pessoa descreva as partes do corpo de que não gosta como feias, pouco atraentes, deformadas, medonhas ou monstruosas.
A maioria das pessoas com o transtorno dismórfico corporal não sabe que, na verdade, são normais.
A maioria das pessoas com transtorno dismórfico corporal tem dificuldade de controlar sua preocupação e gastam horas todos os dias preocupando-se com seus supostos defeitos. É possível que a pessoa pense que os outros estão reparando nela ou ridicularizando-a devido aos defeitos de sua aparência.
A maioria das pessoas inspeciona-se com regularidade no espelho, outras evitam os espelhos e outras alternam entre os dois comportamentos. Muitas pessoas se arrumam de forma compulsiva e excessiva, cutucam a própria pele (para remover ou arrumar os supostos defeitos de pele) e buscam reafirmação sobre os supostos defeitos. Elas podem frequentemente mudar de roupa para tentar esconder ou camuflar seu defeito discreto ou inexistente ou tentar melhorar a aparência de outras formas. Por exemplo, é possível que a pessoa deixe a barba crescer para esconder supostas cicatrizes ou usar um chapéu para cobrir uma leve queda de cabelo.
A maioria dessas pessoas procura tratamento médico cosmético (principalmente dermatológico), odontológico ou cirúrgico, às vezes repetidamente, para corrigir esse suposto defeito. Tais tratamentos são normalmente ineficazes e podem intensificar a sua preocupação. É possível que alguns homens com dismorfia muscular tomem esteroides anabolizantes (por exemplo, testosterona), o que pode ser perigoso.
Em suma, vejamos os principais sintomas e comportamentos da pessoa com TDC
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eles comparam sua aparência física com a dos outros muitas vezes;
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preocupação com uma parte específica de seu corpo – geralmente o rosto (nariz, rugas, rosto, acne, etc.), cabelo, pele, órgãos genitais, tamanho dos seios (cerca de todas as mulheres) ou tamanho ou tônus muscular (especialmente homens);
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ele fazem o possível para esconder as falhas percebidas, por exemplo, passar muito tempo escolhendo o que vestir, penteando o cabelo, colocando maquiagem e etc;
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acreditar que outras pessoas julgam ou zombam de sua aparência;
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eles evitam situações sociais;
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crença firme de ser feio ou mesmo deformado;
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eles sempre buscam a aprovação dos outros;
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eles beliscam a pele.
O TDC também pode causar outros problemas. É frequentemente associada a ansiedade, transtornos do humor, como depressão, transtornos alimentares, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e abuso de substâncias.
Você sabia que...
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É possível que a pessoa com transtorno dismórfico corporal fique tão preocupada com um defeito inexistente ou apenas leve em sua aparência, que evita sair em público.
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Uma vez que a pessoa com transtorno dismórfico corporal sente-se constrangida por sua aparência, é possível que ela evite aparecer em público incluindo faltar ao trabalho, à escola ou não participar de atividades sociais.
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Algumas pessoas com sintomas graves só saem de casa à noite e outras nunca saem. Assim, esse transtorno frequentemente dá origem ao isolamento social. Em casos muito graves, o transtorno dismórfico corporal é incapacitante.
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A angústia e a disfunção causadas pelo transtorno podem causar depressão, problemas com drogas e álcool, repetidas internações em hospitais psiquiátricos, comportamento suicida e suicídio.
Aproximadamente 80% das pessoas com transtorno dismórfico corporal apresentam ideação suicida em algum momento e entre 25% e 30% cometem tentativa de suicídio. Muitas pessoas com transtorno dismórfico corporal também têm outros transtornos de saúde mental, tais como transtorno depressivo maior, transtorno por uso de substância, transtorno de ansiedade social ou transtorno obsessivo-compulsivo.
Diagnóstico do transtorno dismórfico corporal
Avaliação de um médico com base em critérios de diagnóstico psiquiátrico padrão
O transtorno dismórfico corporal pode permanecer sem diagnóstico por anos, porque muitas pessoas se sentem constrangidas ou envergonhadas de revelar seus sintomas ou porque, de fato, acreditam que são feias. Esse transtorno é diferente das preocupações normais com a aparência física ou da vaidade porque essas preocupações ocupam muito tempo e causam angústia significativa ou prejudicam significativamente o desempenho das atividades. O médico diagnostica o transtorno dismórfico corporal quando a pessoa:
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Fica preocupada com um ou mais defeitos em sua aparência que outras pessoas pensam ser insignificantes ou nem reparam neles;
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Fica realizando repetidamente comportamentos excessivos (por exemplo, ficar se olhando no espelho, arrumar-se excessivamente ou comparar-se com outros) devido à sua grande preocupação com sua aparência;
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Sente muita angústia ou se torna menos capaz de funcionar normalmente (por exemplo, no trabalho, na família ou com amigos), porque está tão preocupada com os supostos defeitos na aparência;
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Caso a preocupação da pessoa seja apenas com a forma e o peso corporais e seu comportamento alimentar é anormal, um transtorno alimentar pode ser o diagnóstico mais exato. Caso sua preocupação seja apenas com a aparência de suas características sexuais físicas ou outras características físicas que refletem seu sexo de nascimento, é possível que um diagnóstico de disforia de gênero seja considerado.
Tratamento do transtorno dismórfico corporal
O tratamento com determinados antidepressivos – especificamente os inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRSs) ou a clomipramina (um antidepressivo tricíclico) – frequentemente é eficaz para pessoas com transtorno dismórfico corporal. Doses elevadas costumam ser necessárias. Outras classes de medicamentos podem ser usadas se os ISRSs e a clomipramina não forem eficazes.
A terapia cognitivo-comportamental com foco específico nos sintomas do transtorno dismórfico corporal também pode ser eficaz. No caso dessa terapia, o terapeuta ajuda a pessoa a desenvolver crenças mais exatas e úteis sobre sua aparência física. O terapeuta também ajuda a pessoa a parar de praticar os comportamentos repetitivos excessivos, como ficar se olhando no espelho e cutucar a própria pele. Ele também ajuda a pessoa a participar e se sentir mais à vontade em situações sociais.
A terapia de reversão de hábito é utilizada para diminuir as atividades repetitivas de cutucar a pele ou arrancar os cabelos/pelos que as pessoas com transtorno dismórfico corporal podem fazer para tentar minimizar ou eliminar os supostos defeitos relacionados à pele (por exemplo, manchas) ou aos cabelo/pelos (por exemplo, excesso de pelos faciais).
Uma vez que muitas pessoas com esse transtorno não reconhecem que elas têm um problema com imagem corporal em vez de um problema com a aparência verdadeira, é possível que o médico precise utilizar técnicas motivacionais para ajudar a pessoa a participar do tratamento. Muitos especialistas acreditam que a combinação de medicamentos com terapia cognitivo-comportamental é a melhor abordagem para casos graves. O tratamento cosmético não é recomendado porque é quase sempre ineficaz e existe um risco muito alto de que a pessoa ficará insatisfeita com os resultados.
Nos casos mais graves, onde os sintomas são graves e afetam o desenvolvimento do dia a dia do paciente, o especialista pode prescrever antidepressivos. Por exemplo, inibidores seletivos da recaptação da serotonina que funcionam bem com pacientes com sintomas graves.
Quais são as causas do transtorno dismórfico corporal?
Existem diferentes causas que geram transtorno dismórfico corporal em um paciente, apesar de sua dificuldade no diagnóstico.
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A cultura da imagem: Todos os dias as pessoas são cercadas por mensagens publicitárias repletas de imagens que expressam o dever de ter um corpo perfeito e sem imperfeições. Diante disso, é preciso estar atento e tentar neutralizar a influência negativa da cultura da imagem com a valorização de outros aspectos da vida.
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Bullying: Pode ser outra causa do transtorno. Pessoas que podem ter sofrido bullying na adolescência estão propensas a uma identificação negativa com seu próprio corpo. Além disso, insultos de colegas de escola podem levar ao transtorno dismórfico corporal.
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Baixa auto – estima: Outra causa que pode levar ao transtorno é a baixa autoestima. Ou seja, amar-se pouco pode ter consequências devastadoras, como parecer pior do que realmente é ou pensar que tem quilos a mais.
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Medo de ficar sozinho: A preocupação de não ter amigos ou parceiro pode fazer com que um indivíduo desenvolva transtorno dismórfico corporal. Desta forma, pode haver pessoas que pensem que pela aparência podem ter mais amigos e se tornar mais populares. Essa pressão adicional pode levar à origem do transtorno dismórfico corporal no paciente.
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Perfeccionismo: Existem pessoas que são muito exigentes e duras consigo mesmas. Essa obsessão em atingir a perfeição pode ser um gatilho e causar um transtorno dismórfico corporal em alguns pacientes.
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Pensamentos obsessivos: o indivíduo costuma pedir a opinião dos outros ou tenta convencê-los do problema em sua aparência. Quando se compara a terceiros, é normal se subestimar.
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Comportamento repetitivo: o espelho funciona como uma espécie de ímã e o portador de TDC tende a se olhar várias vezes ao dia ou até mesmo passar horas diante do espelho se autoanalisando. Em outros casos, o paciente pode ter angústia frente a sua própria imagem e por isso evita ao máximo se ver.
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Sofrimento exagerado: a insatisfação é tanta que, muitas vezes, a pessoa pode evitar sair de casa. Para disfarçar seu problema, vale tudo: roupas largas, boné, óculos escuro e maquiagem pesada. Os sintomas podem surgir de maneira gradativa ou súbita, variar de intensidade e podem persistir se não forem tratados adequadamente.
Isso pode ser evitado?
A melhor prevenção para evitar o transtorno dismórfico corporal é fugir das causas o máximo possível. Em outras palavras, procure não ficar obcecado com a imagem de si mesmo, desde que a obsessão com o corpo não leve a esse transtorno.
Como pudemos ver o TDC atinge cerca de 3% da população, se você acha que é vítima desse transtorno busque ajuda profissional.
E se eu tiver um transtorno dismórfico corporal?
Se você acha que pode ter um transtorno dismórfico corporal, segue algumas orientações.
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Fale com um pai, um terapeuta ou psicólogo, um médico ou outro adulto de confiança. Explique o que você está passando. Peça-lhes que o ajudem a encontrar um bom profissional de terapia cognitivo-comportamental.
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Faça uma consulta com esse terapeuta para descobrir se você tem um transtorno dismórfico corporal. Vá a todas as suas consultas de terapia. Mudar a maneira como você se vê leva tempo e esforço.
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Seja honesto e aberto com seu terapeuta. Avise-o se você se sentir deprimido. Deixe que os outros o apoiem. Ajuda muito saber que você não está sozinho.
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Tenha paciência. A terapia cognitivo-comportamental e a medicação para aliviar um transtorno dismórfico corporal levam tempo e esforço. Trabalhe duro e não jogue a toalha.
Katharine Anne Phillips, MD, Weill Cornell Medical College;
Dan J. Stein, MD, PhD, University of Cape Town
Antonio Belelli - Neuropedagogo e Neurocientista, Mestre em Educação.