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Fascismo

O Fascismo foi um sistema político nacionalista, antiliberal e antissocialista surgido na Itália, em 1919, no fim da Primeira Guerra Mundial. Esse modelo político apresenta influências e desdobramentos até os dias presentes. Liderado por Benito Mussolini, o fascismo influenciou regimes políticos em vários países da Europa, como a Alemanha e a Espanha no período entre guerras (1919-1938). O fascismo também inspirou movimentos políticos de direita no Brasil, como o Integralismo, durante a Era Vargas.

Significado de Fascismo

A política fascista surgiu durante o contexto de pós-Primeira Guerra, na Itália, com Benito Mussolini. Nesse período, o fascismo representou um governo totalitário, representado por um líder com busca reforçar sua imagem junto ao povo, apresentando discursos extremistas e nocivos a etnias minoritárias,

A palavra fascismo vem do latim fascio (feixe), pois um dos símbolos fascistas era o fascio littorio. Este consistia num machado envolvido num feixe de varas utilizado nas cerimônias do Império Romano como um símbolo de união. Após os abusos e violências causados por essa ideologia na primeira metade do século XX, a palavra fascismo foi ganhando novos significados. Agora, nas primeiras décadas do século XXI, é comum denominarmos "fascismo" ou "fascista" o indivíduo ou movimento que defende a repressão e segregação étnica para resolver problemas da sociedade.

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Características do Fascismo

O fascismo se caracteriza por ser um sistema político oposto ao socialismo e também imperialista, autoritário, antiliberal e antisocialista, anticomunista e nacionalista. Algumas características gerais:

  • Estado totalitário: o Estado controlava todas as manifestações da vida pública e privada da população.

  • Autoritarismo: a autoridade do líder era indiscutível. Ele seria o mais preparado e sabia exatamente o que a população necessitava.

  • Nacionalismo: a nação é um bem supremo, e em nome dela qualquer sacrifício devia ser exigido e feito pelos indivíduos.

  • Antiliberalismo: o fascismo comungava de algumas ideias capitalistas, como a propriedade privada e a livre iniciativa das pequenas e médias empresas. Por outro lado, defendia a intervenção estatal na economia, o protecionismo e, no caso de algumas correntes fascistas, a nacionalização de grandes empresas.

  • Expansionismo: alargar as fronteiras era visto como uma necessidade, pois era preciso conquistar o “espaço vital” para que a nação se desenvolvesse.

  • Militarismo: a salvação nacional viria por meio da organização militar, da luta, da guerra e do expansionismo.

  • Anticomunismo: os fascistas rejeitavam a ideia da abolição da propriedade, da igualdade social absoluta, da luta de classes.

  • Corporativismo: ao invés de defender o conceito de "um homem, um voto", os fascistas acreditavam que as corporações profissionais deviam eleger os representantes políticos. Também sustentavam que somente a cooperação entre classes garantia a estabilidade da sociedade.

  • Hierarquização da sociedade: o fascismo valorizava uma visão do mundo segundo a qual cabem aos mais fortes, em nome da "vontade nacional", conduzir o povo à segurança e à prosperidade.

O fascismo prometia restaurar as sociedades destruídas pela guerra, prometendo riqueza, uma nação forte e sem partidos políticos que alimentassem visões antagônicas.

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Totalitarismo e Fascismo

O Totalitarismo representa um sistema político autoritário e repressivo, em que o Estado controla todos os cidadãos, os quais não possuem liberdade de expressão nem participação política.

O período entre guerras foi uma época de radicalização política. Foi assim que os regimes totalitários se instalaram em vários países europeus, como a Itália, a partir de 1922, e o nazismo, na Alemanha, em 1933.

A expansão dos regimes totalitários estava relacionada aos problemas econômicos e sociais pelos quais a Europa passou depois da Primeira Guerra Mundial. Também existia o temor de que o socialismo, implantado na Rússia, viesse a se expandir. Para muitos países, uma ditadura totalitária parecia uma solução, pois prometia uma reação forte, próspera e sem agitações sociais. Além da Itália e da Alemanha, países como a Polônia e a Iugoslávia foram dominados por regimes totalitaristas.

O fascismo inspirou ainda regimes autoritários como o "franquismo" na Espanha e o "salazarismo", em Portugal.

Fascismo e Nazismo

É muito comum haver confusão entre os termos “fascismo” e “nazismo”. Afinal, ambos são regimes políticos de cunho totalitários e nacionalistas que se desenvolveram na Europa no século XX. Entretanto, o fascismo foi implementado na Itália por Benito Mussolini durante o período entre guerras. Já o nazismo foi um movimento de inspiração fascista que ocorreu na Alemanha, liderado por Adolf Hitler e que se baseava, principalmente, no antissemitismo.

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Como Mussolini fundou o fascismo italiano

O fascismo galvanizou um crescente movimento nacionalista na Europa, nascido em face da Primeira Guerra Mundial e da Revolução Bolchevique de 1917, na qual os socialistas russos derrubaram o Império Russo. Na Itália, Mussolini abriu caminho para o fascismo. Nascido em 29 de julho de 1883, em uma pequena cidade do sul da Itália, filho de pai ferreiro e mãe professora, ele cresceu com as histórias de nacionalismo e heroísmo político de seu pai socialista. Tímido e socialmente desajeitado, ele teve problemas desde cedo devido à sua intransigência e violência contra seus colegas de classe. Quando jovem, mudou-se para a Suíça e tornou-se um socialista declarado. Eventualmente, ele voltou para a Itália e se estabeleceu como um jornalista socialista.

Em 1914, quando a guerra estourou na Europa, a Itália inicialmente permaneceu neutra. Mussolini queria que a Itália se juntasse à guerra – enfrentando-se com o Partido Socialista Italiano, que o expulsou devido à sua defesa pró-guerra. Em resposta, ele formou seu próprio movimento político, os Fasces de Ação Revolucionária, com o objetivo de encorajar a entrada na guerra. (A Itália acabou entrando na disputa em 1915). 

 

Na Roma antiga, a palavra fasces se referia a uma arma que consistia em um feixe de varas de madeira, às vezes em torno de um machado. Usado pelas autoridades romanas para punir os malfeitores, os fasces passaram a representar a autoridade do Estado. No século 19, os italianos começaram a usar a palavra para grupos políticos ligados por objetivos comuns.

Mussolini estava cada vez mais convencido de que a sociedade deveria se organizar não em linhas de classe social ou filiação política, mas em torno de uma forte identidade nacional. Ele acreditava que somente um ditador “impiedoso e enérgico” poderia fazer uma “limpeza” da Itália e restaurá-la à sua promessa nacional.

Cresce o apoio ao fascismo

Mussolini não estava sozinho: na esteira da guerra, muitos italianos ficaram desapontados com o Tratado de Versalhes. Eles sentiram que o tratado, que dividiu o território das nações agressoras, desrespeitou a Itália ao conceder-lhe muito pouca terra. Essa “vitória mutilada” moldaria o futuro da Itália. 

Em 1919, Mussolini fundou um movimento paramilitar que chamou de Fasces Italianos de Combate. Um sucessor do Fasces Ação Revolucionária, este esquadrão focado em combate visava mobilizar veteranos da guerra experimentados que poderiam devolver a glória à Itália.

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Mussolini esperava traduzir o descontentamento da nação em sucesso político, mas o jovem partido sofreu uma derrota humilhante nas eleições parlamentares daquele ano. Mussolini obteve apenas 2420 votos em comparação com os 1,8 milhão do Partido Socialista, encantando seus inimigos em Milão, que realizaram um funeral falso em sua homenagem. Imutável, Mussolini começou a cortejar outros grupos que estavam em desacordo com os socialistas: industriais e empresários que temiam greves e desacelerações, proprietários rurais que temiam perder suas terras e membros de partidos políticos intimidados pela crescente popularidade do socialismo.

Os novos e poderosos aliados de Mussolini ajudaram a financiar a ala paramilitar de seu movimento, conhecida como “os camisas negras”. Embora Mussolini professasse estar contra a opressão e a censura de todos os tipos, o grupo rapidamente se tornou conhecido por sua disposição de usar a violência para obter ganhos políticos. Os camisas negras aterrorizaram socialistas e inimigos pessoais de Mussolini em todo o país. O ano de 1920 foi cruel, com fascistas marchando pelas cidades, espancando e até matando líderes sindicalistas e efetivamente tomando o poder local. Mas o governo italiano, que compartilhava a inimizade dos fascistas com os socialistas, pouco fez para conter a violência.

A ascensão de Mussolini ao poder

Na realidade, Mussolini controlava apenas uma fração dos membros da milícia. Mesmo assim, sua imagem dura ajudou a construir sua reputação como um líder poderoso e autoritário, capaz de sustentar suas palavras com ações violentas e decisivas. Conhecido como Il Duce, (o Duque), exerceu uma poderosa influência sobre os italianos, seduzindo-os com seu charme pessoal e retórica persuasiva. Em 1921, Mussolini ganhou um cargo no parlamento e até foi convidado a formar parte do governo de coalizão pelo primeiro-ministro italiano Giovanni Giolitti – que esperava que Mussolini colocasse os camisas negras de joelhos assim que recebesse uma parte do poder político.

Mas Giolitti tinha julgado mal Mussolini, que, em vez disso, pretendia usar seus camisas negras para assumir o controle absoluto. No final de 1921, Mussolini transformou o grupo no Partido Nacional Fascista, tornando um movimento que contava com cerca de 30 000 simpatizantes em 1920 em um partido político de 320 000 membros. Embora ele tivesse efetivamente declarado guerra contra o estado, o governo italiano não conseguiu dissolver o partido e ficou parado enquanto os fascistas tomavam a maior parte do norte da Itália.

Mussolini viu sua oportunidade no verão de 1922. Os socialistas anunciaram uma greve que, segundo escreve o historiador Ararat Gocmen, “não era em nome da emancipação dos trabalhadores, mas era um grito desesperado para que o Estado acabasse com a violência fascista”. Mussolini posicionou a greve como prova de que o governo era fraco e incapaz de governar. Com novos partidários que queriam lei e ordem, Mussolini decidiu que era hora de tomar o poder.

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Marcha sobre Roma

Em outubro de 1922, durante o congresso do partido fascista realizado em Nápoles, Mussolini anunciou a "Marcha sobre Roma", em que cinquenta mil camisas-negras — como eram chamados os fascistas, por utilizarem um uniforme preto — dirigiram-se à capital italiana.

Impotente após essa manifestação, o rei Vitor Emanuel III convidou o líder dos fascistas, Benito Mussolini, para formar o Ministério. Nas eleições fraudulentas de 1924, os fascistas obtiveram 65% dos votos e, em 1925, Mussolini torna-se o Duce ("líder", em italiano).

Mussolini começou a implantar seu programa: acabou com as liberdades individuais, fechou e censurou jornais, anulou o poder do Senado e da Câmara dos Deputados, criou uma polícia política, responsável pela repressão, entre outras ações. Lentamente foi instalado o regime ditatorial. O governo manteve as aparências de uma monarquia parlamentarista, mas Mussolini detinha plenos poderes.

Após garantir para si grande autoridade política e se cercar das elites dominantes, Mussolini buscou o desenvolvimento econômico do país. No entanto, esse período de crescimento foi duramente afetado pela crise de 1929.

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A queda de Mussolini – e o legado do fascismo

O rei, exausto pela guerra mundial e um estado de quase guerra civil na Itália, havia assumido que Mussolini imporia a ordem. Mas em três anos, o homem forte seria um ditador absoluto – e Victor Emmanuel o deixou fazer o que queria.

Ao longo dos anos, Mussolini aumentou seu próprio poder ao mesmo tempo em que desbastou os direitos civis da população e formou um estado policial propagandístico. Sua agenda também foi além dos assuntos internos. As ambições imperiais de Mussolini levaram a Itália a ocupar a ilha grega de Corfu, invadir a Etiópia e à aliança com a Alemanha nazista, resultando no assassinato de 8500 italianos no Holocausto.

A ambição de Mussolini seria sua queda. Embora ele tenha liderado a Itália na Segunda Guerra Mundial como uma potência do Eixo alinhada com o aparentemente imparável Adolf Hitler, ele presidiu a destruição de grande parte de seu país. Victor Emmanuel 3º convenceu os aliados mais próximos de Mussolini a se voltarem contra ele e, em 25 de julho de 1943, eles finalmente conseguiram removê-lo do poder e colocá-lo sob prisão. 

Após uma fuga dramática da prisão, Mussolini fugiu para a Itália ocupada pelos alemães, onde, sob pressão de Hitler, formou um estado fantoche fraco e de curta duração. Em 28 de abril de 1945, quando a vitória dos Aliados se aproximava, Mussolini tentou fugir do país. Ele foi interceptado por guerrilheiros comunistas, que atiraram nele e jogaram seu corpo em uma praça pública em Milão.

Logo, uma multidão se reuniu, profanando o cadáver do ditador e desabafando anos de ódio e perda. Seu corpo quase irreconhecível acabou sendo depositado em uma cova anônima. Il Duce estava morto. Mas seu legado ainda assombra a Itália hoje – e o movimento fascista do que ele foi pioneiro permanece vivo tanto na política italiana quanto no imaginário

Símbolos do Fascismo

Na Itália, os símbolos do fascismo eram:

  • Fascio: o símbolo que deu origem ao vocábulo aparecia em vários monumentos, selos e documentos oficiais.

  • Camisa Negra: fazia parte do uniforme dos fascistas e, por isso, seus membros eram chamados "camisas-negras".

  • Saudação: com o braço direito levantado.

  • Lema: "Crer, Obedecer, Combater" era dito em discursos políticos e estava presente em medalhas, quadros, etc.

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Fascismo no Brasil

O fascismo no Brasil teve como representante Plínio Salgado (1895-1975) fundador da Ação Integralista Brasileira (AIB), em 1932. Salgado adotou um lema em tupi-guarani "Anauê", a letra grega "sigma" como símbolo e vestiu seus simpatizantes de camisas-verdes. Defendia um Estado forte, mas rejeitou o racismo publicamente, por ser esta doutrina incompatível com a realidade brasileira. Anticomunista, se aproximou e apoiou Getúlio Vargas até o golpe de 1937, quando a AIB foi fechada, assim como os demais partidos brasileiros.

Desta maneira, alguns militantes integralistas promoveram o Levante Integralista de 1938, mas que foi rapidamente sufocado pela polícia. Plínio Salgado foi exilado em Portugal e muitos de seus companheiros, presos.

O Estado Novo e o Fascismo

O governo de Getúlio Vargas durante o Estado Novo (1937-1945) teve características fascistas como a censura, o unipartidarismo, a existência de uma polícia política e a perseguição aos comunistas. Para consolidar o autoritarismo, Vargas contou com a chancela da constituição de 1937, apelidada de "Polaca", por possuir semelhanças com a constituição fascista polonesa de 1935. No entanto, o Estado Novo não foi expansionista e nem escolheu nenhum outro povo para ser alvo de ataques. Assim, podemos afirmar que o Estado Novo foi nacionalista e não fascista.

Neofascismo


Atualmente, utiliza-se o termo “neofascista” como referência a regimes políticos que possuem características semelhantes às dos fascismos tradicionais (italiano, alemão, espanhol, português, etc), mas que possuem certas diferenças ideológicas. Essas diferenciações são decorrentes do contexto de desenvolvimento do neofascismo, que é completamente diferente do contexto dos fascismos do período entreguerras. O elo, portanto, é a aproximação ideológica entre o fascismo clássico e os neofascismos.

São características do “neofascismo”:

1. Chauvinismo: patriotismo exagerado que, muitas vezes, assume posturas violentas e  xenófobas.

2. Desprezo pela democracia liberal: apesar disso, o neofascismo não constrói regimes extremamente fechados e totalitários como no caso do fascismo italiano. No neofascismo, podem ser construídos regimes com ar democrático, com eleições, inclusive. No entanto, a ação autoritária e doutrinadora do regime visa a manipular as massas como forma de atender aos interesses fascistas.

3. Medidas antipovo: a ideia de “inimigo externo” do fascismo transformou-se em “inimigo interno” no neofascismo. Assim, grupos internos podem ser encarados como inimigos, e medidas contra eles são tomadas como forma de combater-se a oposição política e o debate de ideias."

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Fonte

Erin Blakemore  - Jornalista

Stanley J - Como funciona o fascismo: A política do “nós” e “eles”. São Paulo: L&PM Editores, 2018.

Claudio Fernandes. "O que é fascismo?"; Brasil Escola

Daniel Neves Silva -Historiador)

Thiago Souza - Graduado em História e Especialista em Ensino de Sociologia pela Universidade Estadual de Londrina. 

Antonio A. Belelli - Mestre em Educação e Neuropedagogo. Especialista em Segurança Pública.

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