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O nazismo foi um movimento político e social marcado por ideais nacionalistas e extremistas que surgiu na Alemanha logo após a Primeira Guerra Mundial e alcançou grande notoriedade nesse país. Assumiu o poder em 1933, quando Adolf Hitler tornou-se chanceler da Alemanha. Foi classificado pelos historiadores como um movimento da extrema-direita. 

Também conhecido como Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, o nazismo foi o grande responsável pelo extermínio de seis milhões de judeus durante o Holocausto. Além dos judeus, outras minorias (como ciganos, homossexuais e negros) foram perseguidas e aprisionadas em campos de concentração. A suástica tornou-se o grande símbolo do nazismo.

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Resumo sobre o nazismo

 

  • O nazismo foi um partido da extrema-direita que surgiu na Alemanha em 1920.

  • Surgiu escorado em ideais nacionalistas e extremistas que eram bastante difundidos na Alemanha desde o século XIX, entre os quais estavam o antissemitismo.

  • O surgimento do nazismo aconteceu logo após a Primeira Guerra Mundial, em um momento em que a Alemanha estava arrasada e humilhada após esse conflito.

  • O nazismo possuía princípios como o antibolchevismo, antiliberalismo, antissemitismo, militarismo, exaltação da guerra, entre outros.

  • Os nazistas assumiram o poder em 1933, quando Hitler foi nomeado primeiro-ministro da Alemanha. A partir desse momento, Hitler impôs uma série de mudanças no país, recuperando a economia e implantando uma ditadura totalitária que perseguia seus opositores.

  • A Alemanha caminhou para o seu fortalecimento militar e para o expansionismo territorial, e o resultado direto disso foi a guerra, iniciada em 1º de setembro de 1939, quando os alemães invadiram a Polônia.

  • Ao final da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha estava destruída, e o mundo, chocado com o horror do Holocausto, genocídio responsável pela morte de seis milhões de judeus."

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Origens do Nazismo


As origens do nazismo estão primeiramente relacionadas com ideais extremistas que eram difundidos na sociedade alemã na virada do século XIX para o XX, como o nacionalismo extremado, exaltação da guerra como forma legítima de promover o desenvolvimento da nação, antissemitismo (aversão aos judeus), preconceito racial contra outras minorias, como os eslavos, etc.

A difusão desses ideais estava ligada ao darwinismo social (uma leitura incorreta da teoria da evolução das espécies de Charles Darwin), que defendia a ideia de que existiam povos biologicamente superiores. Dessa ideia nasceu o arianismo, que via o germânico (quem nasceu na Alemanha ou etnicamente descendente de alemães), cunhado como “nórdico” ou “ariano”, como naturalmente superior aos outros povos.

O antissemitismo também foi uma característica forte na Alemanha nesse período, mas não somente na Alemanha como em diferentes partes da Europa também. O antissemitismo encontrou eco em algumas personalidades alemãs, como Hermann Ahlwardt, Adolf Stöcker, Ernst Henrici, Wilhelm Marr etc. Vale dizer que o nazismo também foi um fenômeno político que surgiu na Alemanha por causa das grandes mudanças que aconteceram após a derrota germânica na Primeira Guerra Mundial. Nas questões econômicas, a Alemanha sofreu duramente com o impacto da guerra, sobretudo por causa da pesada indenização que foi cobrada por britânicos, franceses e belgas.

Essa indenização foi uma parte do Tratado de Versalhes, que impôs outras sanções duríssimas à Alemanha, como a proibição de ter uma força militar superior a 100 mil homens e a perda de uma série de territórios (dentro do próprio território alemão e até colônias na África). As imposições do Tratado de Versalhes foram vistas como uma grande humilhação e arrastaram a Alemanha para uma crise econômica sem precedentes em sua história, o que abriu caminho para que partidos de extrema-direita ganhassem espaço na sociedade.

A sociedade alemã após a Primeira Guerra Mundial organizou-se em um sistema político liberal que ressaltava os valores de um sistema democrático representativo e que foi dominado pelo Partido Social-Democrata (o maior partido da Alemanha na década de 1920). Esse período da história alemã ficou conhecido como República de Weimar e estendeu-se de 1919 a 1933.

Esse período, no entanto, foi extremamente conturbado por causa das consequências da Primeira Guerra Mundial. A economia alemã entrou em colapso. A moeda do país sofreu desvalorização fortíssima (Hobsbawm fala que a moeda alemã em 1923 havia sido reduzida ao valor de um milionésimo de milhão do que valia em 1913) e o desemprego alcançou 44% nos anos da Grande Depressão.

Além disso, parte da sociedade sentiu-se traída com uma derrota que era considerada impossível por grande parte da população. Isso gerou um grande ressentimento na sociedade alemã, o qual se aliou a uma forte nostalgia militarista que se espalhou pela Alemanha e propagou violência no país.

Nesse contexto de violência, radicalização da política e da sociedade, crise econômica, temor do comunismo soviético e ressentimento pela derrota, o nazismo encontrou espaço para surgir e crescer dentro dos quadros políticos da Alemanha."

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O Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (no alemão, Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, ou apenas NSDAP) surgiu oficialmente em 1920 e era herdeiro do Partido dos Trabalhadores Alemães, do qual Adolf Hitler fazia parte. Hitler rapidamente ascendeu nos quadros desse partido e, em julho de 1921, já era líder e chamado de Führer (significa líder).

Adolf Hitler nasceu na Áustria em 1889 e, durante a Primeira Guerra Mundial, ingressou no exército do Império Alemão. Com o fim da guerra, Hitler juntou-se a grupos formados por ex-combatentes que defendiam a recuperação da Alemanha para que ela retomasse a prosperidade de outrora (havia uma nostalgia particular com o chamado Primeiro Reich, o Sacro Império Romano-Germânico, e com o Segundo Reich, o Império Alemão fundado por Otto von Bismarck).

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Crescimento do Nazismo

Ao longo da década de 1920, o nazismo foi ganhando força nos quadros políticos da Alemanha. Os membros do Partido Nazista organizavam-se como tropas militares extremamente disciplinadas e devidamente uniformizadas. Essas tropas tinham como ideia central a obediência cega e absoluta ao chefe do partido. Ao longo da década de 1920, realizaram passeatas como demonstração de força e atacavam adversários políticos.

Em 1923, os nazistas organizaram uma tentativa de golpe na Baviera (estado do sul da Alemanha). Essa tentativa de golpe, no entanto, foi fracassada, e muitos dos agitadores foram presos, inclusive Adolf Hitler. Durante o período em que esteve preso, Hitler escreveu o livro nomeado de Minha Luta (Mein Kampf), que organizou os preceitos básicos da ideologia nazista: antissemitismo, antiliberalismo, antibolchevismo, racismo, exaltação da guerra, nacionalismo extremado etc.

O crescimento do Partido Nazista explorou consideravelmente o desespero de grande parte da sociedade alemã com a crise econômica e política. Apesar de se autonomear como um partido que representava os trabalhadores (nesse sentido estamos nos referindo às classes operárias), o nazismo contou com grande apoio das classes médias da Alemanha. A partir de 1930, as classes altas do país aderiram ao partido em larga escala.

O crescimento e fortalecimento do nazismo na Alemanha ao longo da década de 1920, além de se apoiar na ótima capacidade retórica de Hitler, resultaram de uma estratégia criada no sentido de infiltrar membros do partido em diferentes locais da sociedade para fortalecer a difusão das ideias nas quais acreditavam. A partir disso, o raio de ação do nazismo na Alemanha alcançava diferentes grupos, os quais aderiram ao discurso salvacionista de Hitler, que prometia reerguer a Alemanha ao patamar de potência novamente. Um dado interessante que reforça a adesão ao nazismo como fruto do desespero é que, durante os anos da Grande Depressão (1929-1933, principalmente), 85% dos membros do Partido Nazista estavam desempregados. 

O fortalecimento do nazismo na Alemanha tornou Hitler uma figura conhecida da política alemã. Em 1932, foram realizadas eleições presidenciais no país. Hitler recebeu 36,8% dos votos e foi derrotado por Paul von Hindenburg, que contou com 53% dos votos. No entanto, no ano seguinte, Hindenburg, pressionado, viu-se obrigado a nomear Hitler ao cargo de chanceler da Alemanha, marcando o fim da República de Weimar. Em 1934, Hindenburg faleceu, e Hitler acumulou os títulos de chanceler e presidente da Alemanha. Isso deu maiores poderes a Hitler, que concretizou a implantação de seu regime totalitário. Rapidamente, Hitler expurgou a política alemã e eliminou todas as possíveis ameaças ao seu poder.

Nos anos seguintes, além de ter eliminado seus adversários, seja na direita não radical, seja na esquerda, Hitler conseguiu recuperar a economia da Alemanha, iniciou o processo de militarização do país, desafiou os termos do Tratado de Versalhes, formou uma massa de seguidores fanáticos e iniciou o processo de expansão territorial do país. As ações de Hitler levaram a Alemanha para uma nova guerra.

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Suástica


Após a sua fundação, o Partido Nazista transformou a cruz gamada, também conhecida como suástica, como seu símbolo. A suástica, que é um símbolo milenar, foi utilizada por diferentes povos com diferentes significados (como os hinduístas). No contexto da Alemanha, a suástica fazia referência à ideia do orgulho nacional germânico desde o século XIX. Muito provavelmente, por esse motivo, os nazistas transformaram-na em símbolo do partido"

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Ideologia Nazista


A ideologia nazista é bastante complexa e ampla, abordando diferentes questões. Os grandes conceitos que fizeram parte desse movimento são:

  • Antissemitismo

  • Antiliberalismo

  • Antibolchevismo

  • Racismo

  • Exaltação da guerra

  • Eugenia (ideal de purificação da raça)

  • Exaltação da raça germânica

  • Nacionalismo extremo

  • Desejo de expansão territorial

  • Desprezo pelas artes modernas; etc.

Antissemitismo

O antissemitismo, conforme mencionado, era algo que já existia na sociedade alemã desde o século XIX. Não faltaram nomes na história alemã de personalidades que defenderam ideais antissemitas. A aversão aos judeus assumia as formas de preconceito religioso e, principalmente, de preconceito racial.

Hitler defendia a purificação da raça alemã – a começar pela expulsão dos judeus da sociedade – e atribuía todos os males da sociedade alemã aos judeus, especialmente a derrota na guerra e a crise econômica das décadas de 1920 e 1930. Essas teorias de que existia uma conspiração internacional judaica eram inclusive divulgadas a partir de um livro russo de autor desconhecido e muito conhecido na Alemanha chamado “Os protocolos dos sábios de Sião”.

O antissemitismo na Alemanha Nazista foi progressivamente levado a ações que tinham como objetivo excluir os judeus da sociedade. O discurso radicalizado deu lugar a ataques concentrados contra os judeus no que ficou conhecido como pogroms. Depois, houve a implementação de leis que retiravam direitos dos judeus (destaque para as Leis de Nuremberg) e, por fim, ações sistemáticas para o genocídio dessas pessoas.

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Antimarxismo


O antimarxismo, representado na forma do antibolchevismo, era uma condição fundamental da ideologia nazista e havia sido propagado por Hitler em seu livro e ao longo de seus discursos. Hitler afirmava que o bolchevismo era parte da conspiração de dominação internacional orquestrada pelos judeus. Ao longo dos anos no poder, Hitler doutrinou a população alemã a considerar o bolchevismo como um inimigo natural do povo alemão e que deveria ser destruído a todo custo.

Antiliberalismo


O antiliberalismo do nazismo fazia parte da tendência do partido em desacreditar das democracias representativas que existiam na Europa (importante considerar que o nazismo criticava contundentemente o sistema democrático da República de Weimar). Aqui é importante considerar que a oposição do nazismo ao liberalismo não se voltava estritamente ao liberalismo econômico (também visto por Hitler como parte da conspiração internacional dos judeus), mas a todos os princípios básicos do liberalismo, como a democracia, o sistema de representação, os direitos básicos do cidadão, como liberdade de expressão, liberdade de manifestação política etc.

Racismo


O racismo na ideologia nazista partia do ponto da suposta superioridade da raça germânica, difundida pelos nazistas como raça ariana. Esse ideal da superioridade era fruto do darwinismo social e levou os nazistas a perseguir todo o tipo de minoria existente na Alemanha, além dos judeus. Assim, ciganos, dinamarqueses, poloneses, entre outros, eram perseguidos e sujeitos a uma germanização.

Espaço vital - Lebensraum


Outro ponto importante da ideologia nazista era a formação de um “espaço vital” para a raça ariana, no qual se desenvolveria o Terceiro Reich, o império que duraria mil anos e que seria liderado, a princípio, pelo próprio Hitler. Essa ideia do espaço vital era conhecida como Lebensraum e é explicada por Richard J. Evans da seguinte maneira:

Os alemães, na visão de alguns, precisavam de mais “espaço vital” - a palavra alemã era Lebensraum –, e isso teria que ser obtido à custa de outros, mais provavelmente dos eslavos.

 

Não porque o país estivesse literalmente superpovoado – não havia evidência disso –, mas porque aqueles que promoviam tais visões estavam tomando a ideia de territorialidade do reino animal e aplicando-a à sociedade humana. Alarmados com o crescimento das florescentes cidades da Alemanha, buscavam a restauração de um ideal rural no qual colonos alemães seriam senhores sobre camponeses eslavos “inferiores”.

Foi esse ideal de formação de um espaço vital que levou a uma série de ações expansionistas da Alemanha na Europa ao longo da década de 1930 – a começar pela Áustria, em 1938, anexada durante o Anschluss. A anexação da Áustria havia sido cogitada na Alemanha após a Primeira Guerra Mundial, mas foi negada por franceses e britânicos no Tratado de Versalhes. Depois disso, os alemães concentraram seus interesses nos Sudetos e na Checoslováquia e, depois, na Polônia. A última etapa desse processo seria a conquista de parte da União Soviética.

Culto à personalidade


Por fim, cabe fazer um destaque a respeito do culto à personalidade existente no nazismo. Esse líder, conforme mencionado, era chamado pelos membros e seguidores do partido de Führer. Richard Evans afirma que esse termo foi utilizado pela primeira vez pelos seguidores de um movimento de extrema-direita anticatólico que surgiu na Alemanha e era conhecido como “Longe de Roma”. Os membros desse grupo (surgido no começo do século XX) usavam o termo para se referir ao seu líder, chamado Georg Ritter von Schönerer.

Schönerer também foi o responsável por popularizar a utilização do termo Heil (Salve). Ambos os termos entraram para o vocabulário da extrema-direita alemã e foram apropriados pelos nazistas na menção do líder (Hitler) e na exaltação de sua personalidade a partir da expressão Heil Hitler.

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Consequências do nazismo


Uma das maiores consequências e que, em geral, é atribuída aos nazistas foi o início da Segunda Guerra Mundial. Esse conflito, que se estendeu durante seis anos (1939-1945), iniciou-se por causa da política expansionista alemã sobre nações vizinhas. O estopim para o início do conflito foi a invasão da Polônia, realizada pelos alemães a partir de 1º de setembro de 1939. A Segunda Guerra foi responsável por aproximadamente 70 milhões de mortos.

Outra consequência foi a grande perseguição sobre os judeus nas décadas de 1930 e 1940. Após Hitler ocupar o poder da Alemanha em 1933, os nazistas iniciaram um processo de perseguição aos judeus, sobretudo a partir de 1935, quando foram aprovadas as Leis de Nuremberg (leis que amparavam juridicamente essa perseguição). Uma das consequências dessa perseguição aos judeus foi a construção de campos de concentração.

Campos de concentração


Os nazistas passaram a construir campos de concentração logo após assumirem o poder na Alemanha, isto é, em 1933. O primeiro campo de concentração construído pelos nazistas foi o campo de Dachau, que, inicialmente, abrigava presos políticos do regime nazista. Assim, esse campo recebia social-democratas e comunistas, por exemplo.

À medida que os nazistas se fortaleceram, novos campos de concentração foram construídos e passaram a receber uma gama maior de pessoas. Com isso, Testemunhas de Jeová, ciganos, homossexuais, negros, além dos judeus, passaram a ser encaminhados para esses locais. Com a guerra, foi criado um plano de extermínio dos judeus, que resultou na morte de 6 milhões de pessoas em diferentes campos de concentração, sendo Auschwitz-Birkenau o maior e o responsável pela morte de 1,2 milhão de pessoas.

Para saber mais, leia: Principais campos de concentração nazistas

Holocausto


A perseguição aos judeus e a outras minorias promovida pelo nazismo ficou conhecida como Holocausto. Atualmente, sabe-se que 6 milhões de judeus foram mortos em consequência disso. Esse total correspondia a 2/3 dos judeus da Europa, pois, antes da guerra, a população judia no continente europeu era de 9 milhões de pessoas.

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Holocausto é o nome que se dá para o genocídio cometido pelos nazistas ao longo da Segunda Guerra Mundial e que vitimou aproximadamente seis milhões de pessoas entre judeus, ciganos, homossexuais, testemunhas de Jeová, deficientes físicos e mentais, opositores políticos etc. De toda forma, o grupo que mais foi vitimado no Holocausto foi o dos judeus. Estes, por sua vez, preferem referir-se a esse genocídio como Shoah, que em hebraico significa “catástrofe”.


O Holocausto foi o resultado final de um processo de construção do ódio de uma nação contra um grupo específico que vivia na Europa. O antissemitismo na Alemanha não surgiu com o nazismo e remonta a meados do século XIX, em movimentos nacionalistas, além de ter sido manifestado por personalidades alemãs da época, como Hermann Ahlwardt e Wilhelm Marr. Quando o partido nazista surgiu, em 1920, o antissemitismo era um elemento que já fazia parte da plataforma do partido, e os historiadores acreditam que Adolf Hitler tornou-se antissemita em algum momento de sua juventude, quando vivia em Viena, capital da Áustria. A presença do antissemitismo no nazismo, durante sua fundação, era perceptível no programa do partido, que afirmava que nenhum judeu poderia ser considerado cidadão alemão.

O antissemitismo alemão partia do pressuposto de que a raça alemã era superior e de que os judeus eram responsáveis por todos os males da sociedade alemã. Hitler e os nazistas começaram por colocar nos judeus a culpa da derrota alemã na Primeira Guerra Mundial por meio da “teoria da punhalada nas costas”. Os nazistas falavam que os judeus possuíam um plano de dominação mundial e criticavam contundentemente o liberalismo econômico e o capitalismo financeiro, pois afirmavam que ambos eram dominados pelos judeus. Um dos exemplos claros dessa ideia (situada na época das teorias da conspiração utilizadas para acusar os judeus) foi um livro de origem russa e autor desconhecido que foi sucesso de vendas na Alemanha: “Os protocolos dos sábios de Sião”.

Quando os nazistas assumiram o poder na Alemanha, em 1933, o processo de exclusão e de violência contra os judeus foi iniciado de maneira progressiva. O discurso nazista, aliado à doutrinação realizada na sociedade alemã, tornou os judeus bodes expiatórios e vítimas de perseguição intensa, não só por parte do governo, mas também pelos civis."

Uma das primeiras ações tomadas pelos nazistas contra os judeus foi uma lei, aprovada em 7 de abril de 1933, chamada Berufsbeamtengesetz, traduzida para o português como Lei para Restauração do Serviço Público Profissional. Essa lei proibia definitivamente os judeus de atuarem em cargos públicos. Outras leis do tipo foram aprovadas para outros ofícios, como médicos e advogados. Além das leis, os judeus eram alvos de ataques promovidos pelas tropas de assalto nazistas (SA) e tinham suas lojas boicotadas a nível nacional.

Com o passar do tempo, novas ações contra os judeus foram sendo organizadas na Alemanha. Essa perseguição forçou milhares de judeus a fugirem do país, mas muitos outros não conseguiram, pois nenhum país estava disposto a recebê-los. Na década de 1930, duas medidas tomadas por Hitler  simbolizaram o reforço do antissemitismo na Alemanha: as Leis de Nuremberg e a Noite dos Cristais.

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Leis de Nuremberg


As Leis de Nuremberg foram um conjunto de três leis, aprovadas no ano de 1935, que legislavam sobre a miscigenação, a bandeira e a cidadania alemã. As duas leis que se relacionavam diretamente com o antissemitismo na Alemanha eram a Lei de Proteção do Sangue e da Honra Alemã e a Lei de Cidadania do Reich.

A primeira lei tratava a respeito da miscigenação, proibindo que judeus e não judeus casassem-se, além de proibir também que não judeus tivessem relações sexuais com judeus. Essa lei também falava que judeus não poderiam ter empregadas domésticas com idade inferior a 45 anos nem portar as cores do Reich (preto, vermelho e branco).

A segunda tratava a respeito da cidadania, basicamente definindo quem era cidadão e quem não era. Segundo essa lei, todas as pessoas que tivessem ¾ de sangue judeu ou fossem praticantes do judaísmo seriam consideradas judias e automaticamente não teriam direito à cidadania. Com isso, os judeus eram considerados apenas “sujeitos de Estado” e eram pessoas que tinham de cumprir suas obrigações, mas não tinham direito a receber nada do que um cidadão receberia.

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Noite dos Cristais


A Noite dos Cristais foi um marco na história do antissemitismo porque oficializou um ponto de partida para o aumento da violência contra os judeus na Alemanha. Esse acontecimento passou-se em 1938 e é definido como um pogrom, isto é, um ataque violento que é organizado contra um grupo específico. Esse ataque aconteceu em represália ao assassinato de Ernst vom Rath, um diplomata alemão, por um estudante judeu de 17 anos que queria vingar-se da expulsão de seus pais da Alemanha. Dias após o diplomata alemão ser atacado em Paris, uma ordem foi emitida por Hitler e Goebbels para que ações de violência fossem organizadas como forma de intimidar os judeus.

Os ataques da Noite de Cristal iniciaram-se na noite de 9 de novembro de 1930 e estenderam-se até a metade do dia seguinte. Membros do partido nazista, a maioria à paisana, partiram para um ato de violência inédita na Alemanha. Casas, estabelecimentos, orfanatos e sinagogas foram atacadas com os agressores destruindo o que encontravam pela frente, agredindo as pessoas que estavam nesses locais e, por fim, incendiando as construções. Ao fim do pogrom, milhares de estabelecimentos foram destruídos, e, apesar do número oficial de mortos ser 91, especula-se que os mortos nesse ataque possam ter chegado à casa dos milhares. A Noite dos Cristais também inaugurou o aprisionamento de judeus em campos de concentração, pois, durante o pogrom, 30 mil judeus foram presos e encaminhados para Dachau, Buchenwald e Sachsenhausen.

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Solução Final

Com o início da Segunda Guerra, em 1939, a cúpula do partido nazista começou a discutir “soluções” sobre como tratar a “questão judia” na Europa. Como mencionado, o aprisionamento de judeus em campos de concentração foi iniciado ainda na década de 1930. Esses locais, no entanto, não haviam sido preparados para serem locais de extermínio como aconteceu durante a guerra.

Quando a guerra começou, os judeus no Leste da Europa começaram a ser agrupados em guetos, um local específico da cidade que era cercado pelas tropas nazistas e separado especificamente para o abrigo de judeus. Os guetos agrupavam-nos para que mais tarde fossem enviados para os campos de concentração e extermínio.

Além disso, os nazistas debatiam soluções a serem colocadas em prática para lidar com a “questão judia”, e duas dessas foram amplamente debatidas. Na primeira, os nazistas tentaram obter autorização para deportar os judeus para a União Soviética, mas Stalin não aceitou recebê-los. Outro plano ficou conhecido como Plano Madagascar, em que os nazistas cogitaram deportar os judeus da Europa para a ilha de Madagascar, na África.

De toda forma, o plano de exterminar todos os judeus após a guerra é classificado pelo historiador Timothy Snyder como uma utopia de Hitler que foi reformulada por dois membros do Partido Nazista à medida que a guerra foi tomando o rumo que não era desejado pelos nazistas. Os reformuladores do plano de extermínio dos judeus foram Reinhard Heydrich e Heinrich Himmler e, por isso, ambos são considerados arquitetos do Holocausto.


Quando a Solução Final foi elaborada, o que estava na mente de Heydrich e Himmler era: “os judeus que não pudessem trabalhar teriam que sumir, e os fisicamente capazes de trabalhar seriam usados como mão de obra em algum lugar na União Soviética conquistada até que morressem.”  Os primeiros judeus vítimas desse plano foram alvo dos Einsatzgruppen, os grupos de extermínio.

Einsatzgruppen

Esses grupos de extermínio atuaram na Polônia, nos países bálticos e na parte do território soviético que os nazistas estavam ocupando. A atuação deles era simples: promover a limpeza sistemática de judeus dessas áreas por meio de fuzilamentos. Os judeus dessas localidades eram reunidos em um local específico, posicionados nus em frente a uma vala comum e fuzilados um a um até que toda a população judia desses locais estivesse morta.

A atuação dos grupos de extermínio nos locais citados, como os países bálticos (Estônia, Lituânia e Letônia), levou à morte por fuzilamento milhares de pessoas:

  • Lituânia, 114.856 judeus foram mortos;

  • Letônia, 69.750 judeus foram executados; 

  • Estônia, foram encontrados 963 judeus e todos eles foram executados.

Durante esses fuzilamentos, os grupos de extermínio também executaram outras pessoas, como as que tinham colaborado com os soviéticos. O fuzilamento organizado pelo Einsatzgruppen que mais ficou conhecido recebeu o nome de Massacre de Babi Yar, quando os judeus de Kiev foram reunidos em um ponto da cidade e fuzilados durante um período de 36 horas. Desse massacre resultaram as mortes de 33.761 pessoas, que foram depositadas em uma vala comum. A atuação dos grupos de extermínio, no entanto, tinha limites sensíveis aos objetivos nazistas.

 

Primeiro, por mais eficiente que fosse o Einsatzgruppen, a velocidade com que faziam a limpeza étnica era abaixo do que os nazistas desejam.

 

Segundo, o envolvimento dos soldados em uma quantidade assombrosa de execuções trazia-lhes graves problemas psicológicos. Isso forçou os nazistas a pensarem em uma alternativa que fizesse o genocídio de judeus acontecer de maneira mais ágil e impessoal.

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A solução encontrada pelos nazistas foi a de promover a execução de judeus em câmaras de gás, que foram sendo instaladas nos campos de concentração. Além disso, foram construídos seis campos de extermínio cujo intuito era unicamente promover a execução de judeus. A diferença é que, nos campos de concentração, os judeus, além de executados, também tinham sua mão de obra explorada ao máximo. As câmaras de gás para a execução de judeus foi uma ideia exportada do Programa de Eutanásia, também conhecido como Aktion T4. Nesse programa, os nazistas executavam os que eram considerados inválidos, ou seja, aqueles que possuíam algum tipo de distúrbio mental ou deficiência física.

Os campos de extermínio, construídos pelos nazistas a partir do segundo semestre de 1941, foram: Chelmno, Belzec, Sobibor, Treblinka, Auschwitz e Majdanek. Todos esses campos localizavam-se na Polônia, e o primeiro deles a ser construído foi o de Belzec — local no qual foi desenvolvida uma câmara de gás à base de monóxido de carbono e que matava suas vítimas por asfixia. Depois, outros campos foram construídos, e os nazistas começaram a utilizar Zyklon-B para assassinar os prisioneiros.

Dos campos de extermínio citados, a quantidade de mortos foi a seguinte:

  • Auschwitz-Birkenau: aproximadamente 1,2 milhão de mortos.

  • Treblinka: aproximadamente 900 mil mortos.

  • Belzec: aproximadamente 400 mil mortos.

  • Sobibor: aproximadamente 170 mil mortos.

  • Chelmno: aproximadamente 150 mil mortos.

  • Majdanek: aproximadamente 80 mil mortos.

Dentre os horrores cometidos nos campos de concentração, destacaram-se a jornada de trabalho extenuante, os maus-tratos diários e as péssimas condições de higiene. Os prisioneiros ficavam em alojamentos abarrotados de pessoas e eram mal alimentados. Execuções sumárias sem motivação aparente aconteciam como forma de tortura psicológica aos prisioneiros, além das execuções nas câmaras de gás.

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Os prisioneiros recebiam roupas insuficientes para o inverno, e, na maioria das vezes, elas eram recolhidas em abril (principalmente no caso de Auschwitz) independentemente se o frio tivesse passado ou não. Eles eram obrigados a suportar a enorme quantidade de percevejos e pulgas nos alojamentos. Quando adoeciam, o tratamento oferecido era sempre insuficiente. Na questão médica, também há registros de testes realizados em cobaias humanas por médicos nazistas em diversos campos de concentração.

Os prisioneiros dos campos de concentração foram sendo libertados à medida que os nazistas foram perdendo a Segunda Guerra Mundial. No decorrer em que suas posições no Leste Europeu eram ameaçadas, os nazistas intensificaram a velocidade das execuções de judeus nas câmaras de gás, além de terem tentado ocultar os indícios do genocídio, seja com a destruição de documentos, seja com a exumação dos corpos.

Julgamentos em Nuremberg


Depois que os nazistas renderam-se em maio de 1945, muitos deles e seus colaboradores, que atuaram diretamente no Holocausto, foram presos e levados a julgamento no Tribunal Militar Internacional de Nuremberg. Os julgamentos em Nuremberg estenderam-se durante nove meses e condenaram alguns nazistas à morte por enforcamento, enquanto outros receberam penas de prisão perpétua ou por certa quantidade de tempo. Entre os condenados à morte por enforcamento, estavam Hermann Göring, chefe da Luftwaffe (força aérea), e Joachim von Ribbentrop, ministro das Relações Exteriores da Alemanha. Entre os condenados à prisão perpétua, estavam Rudolf Hess, vice-líder do partido nazista, e Erich Raeder, comandante da Kriegsmarine (marinha alemã).

Filmes que retratam o Holocausto


O Holocausto é um dos acontecimentos mais marcantes do século XX. Os relatos dos sobreviventes até hoje chocam o mundo, e a cada dia que se passa novas informações são descobertas. Por ser um assunto tão relevante para a história recente do mundo, o Holocausto é um assunto que chama grande atenção do cinema e, por isso, grandes obras foram produzidas. Destacamos algumas delas abaixo:

“O pianista” (The Pianist), filme de 2002 dirigido por Roman Polanski.
“A lista de Schindler” (Schindlers List), filme de 1993 dirigido por Steven Spielberg.
“A vida é bela” (La Vita è Bella), filme de 1997 dirigido por Roberto Benigni.
“O filho de Saul” (Saul fia), filme de 2015 dirigido por László Nemes.
“Amém” (Amen), filme de 2002 dirigido por Constantin Costa-Gavras.

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Perseguição Sistemática ao Povo Judeu

 

Entre 1933 e 1945, a Alemanha nazista, seus aliados e colaboradores implementaram uma ampla gama de políticas e medidas antissemitas, mas essas políticas variavam de um local a outro. Assim, nem todos os judeus vivenciaram o Holocausto da mesma forma mas, em todos os casos, milhões de pessoas foram perseguidas e mortas simplesmente porque eram identificadas como judias. Em todos os territórios controlados pela e alinhados com a Alemanha, a perseguição aos judeus assumiu uma variedade de formas:

  • Discriminação legal sob a forma de leis antissemitas. Essas incluíam as Leis Raciais de Nuremberg e inúmeras outras leis discriminatórias.

  • Várias formas de identificação e exclusão pública. Essas incluíam propaganda antissemita, boicotes a empresas de propriedade judaica, humilhação pública e sinais diacríticos obrigatórios (tais como o uso de um crachá com a Estrela de Davi, que era usado como braçadeira ou costurada em roupas dos judeus). 

  • Violência organizada. O exemplo mais notório foi a Kristallnacht (Noite dos Vidros Quebrados). Houveram  também incidentes isolados e muitos pogroms (motins sangrentos).

  • Deslocamento físico. Os perpetradores usaram a emigração forçada, o reassentamento, a expulsão, a deportação e a guetização para deslocar fisicamente indivíduos e comunidades judaicas inteiras.

  • Internação. Os perpetradores internavam forçadamente os judeus em guetos superlotados, campos de concentração e campos de trabalho escravo onde muitos morreram de fome, por doenças e por outras condições desumanas de tratamento.

  • Roubo e saque generalizado. O confisco de bens, objetos pessoais e de valor dos judeus foi uma parte fundamental do Holocausto. 

  • Trabalho forçado. Os judeus eram obrigados a realizar trabalhos escravos para ajudar no esforço de guerra dos países do Eixo ou para o enriquecimento das organizações nazistas, militares e/ou empresas privadas. 

Muitos judeus morreram como resultado dessas políticas. Mas até 1941, o assassinato sistemático, em massa, de todos os judeus não era ainda parte da política nazista. A partir daquele ano, os líderes nazistas decidiram implementar o plano de assassinato em massa dos judeus. Eles designaram tal plano como a “Solução Final da Questão Judaica”.

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Os Guetos

Os guetos eram áreas de cidades ou aldeias onde os alemães invasores criaram e obrigaram os judeus a viver em condições de superlotação e insalubridade. As autoridades alemãs frequentemente fechavam tais áreas construindo muralhas ou outras barreiras a seu redor. Os guardas impediam os judeus de sair sem permissão. Alguns guetos existiram durante anos, mas outros existiram apenas durante meses, semanas, ou mesmo dias como locais de detenção de judeus antes de sua deportação ou assassinato imediato. 

Os funcionários alemães criaram os guetos pela primeira vez em 1939-1940, na Polônia ocupada pela Alemanha. Os dois maiores deles foram localizados nas cidades polonesas (ocupadas) de Varsóvia e Lodz (Łódź). A partir de junho de 1941, após o ataque alemão contra a União Soviética, os oficiais alemães também os estabeleceram em territórios recentemente conquistados na Europa Oriental. As autoridades alemãs e seus aliados e colaboradores também estabeleceram guetos em outras partes da Europa. Em 1944, as autoridades alemãs e húngaras criaram guetos temporários para centralizar e controlar os judeus antes da sua deportação da Hungria. 

O Objetivo dos Guetos

As autoridades alemãs estabeleceram originalmente os guetos para isolar e controlar as grandes populações judaicas que viviam na área da Europa Oriental ocupada pelos nazistas. Inicialmente, eles concentravam os residentes judeus de uma cidade ou das áreas ou regiões circunvizinhas.  No entanto, a partir de 1941, oficiais alemães também passaram a deportar judeus de outras partes da Europa (incluindo da Alemanha) para alguns desses guetos. 

O trabalho escravo dos judeus tornou-se uma característica central da vida de muitos guetos. Em teoria, tal era dito que seria para ajudar a pagar a administração do gueto, assim como apoiar o esforço de guerra alemão. Às vezes, fábricas e oficinas eram estabelecidas nas  proximidade mútua apenas para explorar os judeus presos no gueto para que efetuassem trabalho escravo. O trabalho era, frequentemente, manual e extremamente debilitante. 

A vida nos guetos era miserável e perigosa. Havia pouca comida, além do saneamento e dos cuidados médicos serem extremamente limitados. Centenas de milhares de pessoas morreram de fome; de doenças contagiosas; de exposição a temperaturas extremamente baixas; bem como de exaustão pelo trabalho escravo. Os alemães também assassinaram os judeus aprisionados nos guetos através de espancamentos brutais, torturas, fuzilamentos arbitrários e com o uso de outras formas de violência arbitrária. 

Apesar de tudo, os judeus nos guetos procuravam manter um senso de dignidade e comunidade. Eles criaram precárias escolas, bibliotecas, serviços sociais comunitários e instituições religiosas proporcionavam algum grau de ligação comunal entre os residentes. Tentativas de documentar a vida nos guetos, como o arquivo Oneg Shabbat e a fotografia clandestina, foram poderosos exemplos de resistência espiritual. Muitos guetos também tinham movimentos secretos que criaram focos de resistência armada. O mais famoso deles foi a “Revolta do Gueto de Varsóvia”, em 1943. 

A “Liquidação” dos Guetos

A partir de 1941-1942, os alemães e seus aliados locais assassinaram em massa os prisioneiros nos guetos e dissolveram suas estruturas administrativas. Eles denominaram a este processo como uma “liquidação”, a qual fez parte da “Solução Final da Questão Judaica”.

 

A maioria dos judeus dos guetos foi assassinada através de fuzilamentos em massa em campos de extermínio próximos ou, após a deportação, dentro dos mesmos campos de extermínio. A maioria dos campos de concentração era deliberadamente localizada junto aos grandes guetos da Polônia ocupada pela Alemanha ou junto a rotas ferroviárias de fácil acesso. 

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Governos e Instituições Não-Alemãs

A Alemanha nazista não perpetrou o Holocausto sozinha. Ela contou com a ajuda de seus aliados e colaboradores. Neste contexto, “aliados” referem-se aos países do Eixo oficialmente aliados à Alemanha nazista, e “colaboradores” refere-se a regimes e organizações que cooperaram com as autoridades alemãs em caráter oficial ou semi-oficial. Os aliados e colaboradores da Alemanha nazista incluíam:

  • As Potências do Eixo Europeu e outros regimes colaboracionistas (como a França de Vichy). Estes governos aprovaram sua própria legislação antissemita e cooperaram com os objetivos alemães.

  • Burocracias locais apoiadas pela Alemanha, especialmente as forças policiais locais. Estas organizações ajudaram a reunir, internar e deportar judeus, mesmo em países não aliados com a Alemanha, tais como foi o caso da Holanda.

  • Unidades auxiliares locais compostas por oficiais militares, policiais, e civis. Estas unidades, apoiadas pela Alemanha, participaram de massacres contra judeus na Europa Oriental (frequentemente de forma voluntária). 

Os termos “aliados” e “colaboradores” também podem se referir a indivíduos afiliados a tais governos e organizações.

Indivíduos Cúmplices em Toda a Europa 

Por toda a Europa, indivíduos que não possuíam filiação governamental ou institucional ao nazismo, e que não participavam diretamente do assassinato de judeus, também contribuíram para o Holocausto. Uma das coisas mais letais que os vizinhos, conhecidos, colegas e até “amigos” podiam fazer era denunciar os judeus às autoridades alemãs nazistas. Um número desconhecido escolheu fazer exatamente isto. Eles revelavam os esconderijos dos judeus, desmascaravam as identidades dos judeus que se passavam por cristãos e identificavam quem era judeu aos oficiais nazistas. Ao fazer isso, eles os condenavam à morte. As motivações desses indivíduos eram abrangentes: medo, interesse próprio, ganância, vingança, antissemitismo e crenças políticas e ideológicas.

Muitos indivíduos também lucraram com o Holocausto. Muitos não judeus invadiam as casas dos israelitas, tomavam controle dos seus  negócios, e também roubavam seus bens e objetos de valor. Estes atos fizeram parte do roubo e saque generalizado que acompanhou o processo de genocídio. Na maioria das vezes, os indivíduos contribuíram para o Holocausto através da inação e indiferença para com a situação dos seus vizinhos judeus. Às vezes, estes indivíduos eram denominados de “espectadores”. 

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Vítimas da Perseguição Nazista

O Holocausto refere-se especificamente à perseguição sistemática, patrocinada pelo Estado, e ao assassinato de 6 milhões de judeus. No entanto, existiram também milhões de outras vítimas de perseguição e assassinato pelos nazistas. Na década de 1930, o regime tinha como alvo uma variedade de supostos inimigos domésticos dentro da sociedade alemã. À medida que os nazistas ampliaram sua área de alcance durante a Segunda Guerra Mundial, milhões de outros europeus também foram submetidos à barbárie nazista. 

Os nazistas classificaram os judeus como o “inimigo” prioritário. No entanto, eles também visavam outros grupos que eram definidos como ameaças à saúde, unidade e segurança do povo germânico. O primeiro grupo visado pelo regime nazista consistia em opositores políticos. Dentre eles haviam funcionários e membros de outros partidos políticos e militantes sindicais. Os opositores políticos também incluíam pessoas simplesmente suspeitas de se oporem ou criticarem o regime nazista. Os inimigos políticos foram os primeiros a serem encarcerados em campos de concentração nazistas. As Testemunhas de Jeová também foram encarceradas em prisões e campos de concentração; sendo presas porque se recusaram a jurar lealdade ao governo ou a servir ao exército alemão.

O regime nazista também visou aqueles alemães cujas atividades eram por eles consideradas prejudiciais à sociedade alemã. Estas pessoas  incluíam homens acusados de homossexualidade, cidadãos acusados de serem criminosos profissionais ou habituais, assim os chamados associais (tais como pessoas identificadas como vagabundos, mendigos, prostitutas, cafetões e alcoólatras). Dezenas de milhares destas vítimas foram encarceradas em prisões e campos de concentração. O regime também perseguiu e esterilizou à força os afro alemães que estavam na Europa. 

As pessoas com deficiências físicas ou mentais também foram vítimas do regime nazista. Mesmo antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial, aqueles alemães com condições hereditárias consideradas insalubres foram esterilizados à força. Assim que a Guerra começou, a política nazista foi radicalizada. As pessoas com deficiência, especialmente as que viviam em instituições, foram consideradas um fardo, tanto genético quanto financeiro, para a Alemanha, e se tornaram alvo de um processo de homicídio denominado “Programa de Eutanásia”.

O regime nazista empregou medidas extremas contra grupos considerados seus inimigos raciais, civilizacionais ou ideológicos. Dentre eles, incluíam-se pessoas com deficiências físicas e mentais, romani (ciganos)poloneses (especialmente os intelectuais e as elites polonesas), além dos, oficiais e prisioneiros de guerra soviéticos. Os nazistas perpetraram assassinatos em massa contra todos estes grupos.

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Fim do Holocausto

O Holocausto terminou em maio de 1945, quando as principais potências Aliadas (Grã-Bretanha, Estados Unidos e União Soviética) derrotaram a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. À medida que as forças Aliadas se deslocavam pela Europa, numa série de ofensivas militares, elas encontravam e entravam nos campos de concentração libertando os prisioneiros sobreviventes, muitos dos quais eram judeus. Os Aliados também encontraram e libertaram os sobreviventes das chamadas “marchas da morte”. Estas marchas forçadas consistiam em grupos de prisioneiros dos campos de concentração judeus e não judeus que tinham sido evacuados dos campos sob a guarda das SS para andar até morrer de exaustão e frio.

Mas a libertação não trouxe o encerramento do processo. Muitos sobreviventes do Holocausto enfrentaram ameaças contínuas de antissemitismo violento e também deslocamento quando procuraram reconstruir suas vidas nos locais onde haviam vivido antes da Guerra. Milhões haviam perdido seus familiares, enquanto outros procuraram durante anos, nem sempre com sucesso, seus pais, esposos, filhos e irmãos desaparecidos. 

Apesar dos esforços da Alemanha nazista para assassinar todos os judeus da Europa, uma parte deles conseguiu sobreviver ao Holocausto. A sobrevivência assumiu uma variedade de formas mas, em todos os casos, a sobrevivência só foi possível devido a circunstâncias extraordinárias, escolhas individuais, ajuda de outras pessoas (tanto judeus quanto não judeus) e pura sorte. 

Sobrevivência Fora da  Europa Controlada pela Alemanha

 

Muitos judeus conseguiram sobreviver ao Holocausto ao fugirem da área da Europa controlada pela Alemanha. Antes do início da Segunda Guerra Mundial, centenas de milhares de judeus saíram da Alemanha nazista, apesar das significativas barreiras de imigração de outros países para recebê-los. Aqueles que imigraram para os Estados Unidos, Grã-Bretanha e outras áreas que estavam fora do controle alemão, ficaram a salvo da violência nazista. Também, mesmo depois do início da Segunda Guerra Mundial, muitos judeus conseguiram escapar da Europa controlada pela Alemanha. Por exemplo, aproximadamente 200.000 judeus poloneses fugiram da ocupação alemã da Polônia. Estes judeus sobreviveram à Guerra sob duras condições depois que as autoridades soviéticas os deportaram ainda mais para o leste, para o interior da União Soviética.

Sobrevivência na Europa Controlada pela Alemanha

Um número menor de judeus sobreviveu dentro da área da Europa controlada pela Alemanha. Eles o fizeram, muitas vezes, com a ajuda de outras pessoas corajosas. Os esforços de resgate variavam desde ações isoladas individuais até redes clandestinas organizadas, grandes e pequenas. Por toda a Europa, havia não judeus que correram sérios riscos para ajudar seus vizinhos, amigos e mesmo judeus que não conheciam a sobreviver. Por exemplo, eles encontraram esconderijos para judeus, adquiriram papéis falsos que ofereciam a eles identidades cristãs protetoras, ou forneceram-lhes alimentos e suprimentos. Outros judeus sobreviveram como membros de movimentos de resistência formados pelos partisans. Finalmente, alguns judeus conseguiram, contra enormes probabilidades, sobreviver à prisão em campos de concentração, guetos e até mesmo em campos de extermínio. 

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Embora o Holocausto tenha terminado juntamente com a Guerra, o legado do terror e do genocídio não terminou naquele momento. No final da Segunda Guerra Mundial, 6 milhões de judeus e milhões de membros de outros grupos estavam mortos. A Alemanha nazista, seus aliados e colaboradores haviam devastado ou destruído completamente milhares de comunidades judaicas por toda a Europa. 

Depois do Holocausto, aqueles judeus que sobreviveram foram muitas vezes confrontados com a realidade traumática de haverem perdido suas famílias e suas comunidades por completo. Alguns conseguiram retornar para onde haviam vivido anteriormente e optaram por reconstruir as suas vidas na Europa. Muitos outros tiveram medo de assim o fazer devido à violência e ao antissemitismo que continuaram a enfrentar no período pós-Guerra. De imediato, aqueles que não puderam ou não quiseram voltar para suas antigas casas muitas vezes tiveram que viver em campos de desalojados. Lá, muitos tiveram que esperar anos antes de poder imigrar e refazer seus novos lares. Depois do Holocausto, o mundo lutou para enfrentar os horrores do genocídio, para manter a memória das vítimas e para responsabilizar os perpetradores dos assassinatos. Estes importantes esforços continuam a ser feitos até nossos dias.

Fontes:

Silva, Daniel Neves. "Holocausto"; Brasil Escola.

United States Holocaust Memorial Museum

BBC News Brasil

Davies, Norman; Lukas, Richard C. (2001). The Forgotten Holocaust: The Poles under German Occupation, 

Wytwycky, Bohdan (1980). The Other Holocaust: Many Circles of Hell. [S.l.]: The Novak Report

Simon Schama, A History of Britain, episódio 3, 'Dynasty'; BBC DVD, 2000

Bale, Anthony (2006). The Jew in the medieval book : English antisemitism, 1350-1500

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