Você não pode mudar o que sente, mas pode aprender o que fazer com seus sentimentos. Nós do LIV – Laboratório Inteligência de Vida – acreditamos nesse conceito e por isso levamos para escolas de todo o Brasil um programa de educação socioemocional que ajuda estudantes a conhecerem seus sentimentos e a desenvolverem habilidades para a vida.
Você não pode mudar o que sente, mas pode aprender o que fazer com seus sentimentos. Nós do LIV – Laboratório Inteligência de Vida – acreditamos nesse conceito e por isso levamos para escolas de todo o Brasil um programa de educação socioemocional que ajuda estudantes a conhecerem seus sentimentos e a desenvolverem habilidades para a vida.
A adolescência é caracterizada por mudanças biopsicossociais peculiares a cada um. Ser adolescente envolve, muitas vezes, sentimentos confusos, dúvidas, irritabilidade, ansiedade. Esta é uma parte normal e saudável de ser adolescente. No entanto, quando as mudanças na personalidade de um adolescente são mais extremas, podem ser indicadores de um problema de saúde mental. Às vezes, comportamentos preocupantes podem ser evitados quando os pais conversam com os adolescentes com frequência e mantêm um diálogo aberto. Especialistas dizem que mesmo que os pais não tenham certeza se uma mudança no comportamento de seus filhos é algo com que eles devem se preocupar, não faz mal perguntar sobre isso ao adolescente, na escola, aos amigos, aos pais de amigos, aos médicos ou terapeutas.
Qualquer pai e mãe de um adolescente sabe que os adolescentes podem ser temperamentais, distantes e desafiadores em alguns momentos. Mas, embora isso às vezes possa ser uma fonte de estresse e conflito para as famílias, geralmente também é uma parte completamente normal de ser adolescente. A maioria dos adolescentes passa por essa fase sem muita angústia, experimentando momentos com alguns destes comportamentos, ou seja, podem apresentar episódios de raiva, rebeldia, ansiedade ou tristeza. Mas uma parcela dos adolescentes, pode sim, estar enfrentando problemas emocionais que não são tão facilmente identificados.
Os principais sinais de alerta
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Sono – O sono é algo muito comum no corpo de um adolescente. Eles costumam ter uma necessidade maior de horas de sono, e gostam de ficar acordados até mais tarde. Resmungar para acordar e ir para a escola também é normal. O sono só é um alerta, quando o excesso ou a falta dele começa a trazer prejuízos pessoais e sociais ao adolescente, quando o adolescente prefere dormir a fazer outras coisas como sair com os amigos ou até mesmo ficar no celular.
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Irritação – A irritação, apesar de ser frustrante para os pais, é muito normal. Precisamos entender que este ser humano está em uma fase de descoberta em que tudo é novo: emoções, pensamentos e sentimentos, e até o próprio corpo, e isso pode deixá-los mais nervosos. A irritação vira sinal de alerta quando ela começa a se tornar mais violenta, ou quando ela aparece como reação até em coisas banais ou que costumam agradar todo mundo.
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Escola – A adolescência fica entre a infância e a vida adulta. É a fase transitória de uma época de nossas vidas que somos poucos cobrados e mais mimados, para uma fase em que seremos cobrados por tudo. Quando o adolescente se dá conta que vai virar adulto e precisar tomar conta da sua própria vida, a ansiedade costuma se refletir no seu principal ambiente de interação social: a escola. Além disso, eles estão descobrindo diversos e novos prazeres na vida, que acabam parecendo muito mais interessantes do que o estudo. Na maioria das vezes, todo adolescente quer ser bem sucedido, inclusive nas notas escolares. O problema se dá quando mesmo querendo, o jovem não consegue se concentrar ou estudar. Este é um alerta que merece muita atenção, pois lida diretamente com a preparação deste futuro adulto.
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Rebeldia – Se tudo no adolescente pode mudar (o corpo, os hormônios, o sentimento, a busca por identidade, a cobrança), por qual razão então o mundo não pode mudar? É na adolescência que começamos a questionar o mundo e o que há de pior e de melhor nele. E é quando cresce a vontade de se rebelar e transformar o mundo. Esta propulsão é muito importante, porque pode levar o adolescente a criar coisas novas, a se dedicar aos estudos, a se comunicar com o mundo, a fazer pesquisas, a melhorar o seu ambiente e a sociedade como um todo. A rebeldia extrapola quando esse adolescente começa a violar as leis ou os limites acordados em família. O mais importante aqui é ficar atento se o comportamento rebelde está trazendo prejuízos presentes e futuros para o adolescente.
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Álcool – Embora os pais não gostem, a maioria dos adolescentes de uma forma ou de outra poderá chegar, em algum momento, em que irá experimentar o álcool antes do aniversário de 18 anos. O mesmo pode acontecer com o uso de cigarro e drogas. É por isso que é tão importante conversar abertamente com seu filho sobre o que está vivendo, a pressão dos colegas, bem como sobre os perigos de drogas e álcool. Embora algumas experiências possam ser normais, torna-se motivo de preocupação se o adolescente estiver bebendo demais ou recorrendo a drogas e álcool com qualquer tipo de frequência, seja em festas de fim de semana ou para aliviar questões como ansiedade e depressão.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define adolescência como sendo o período da vida que começa aos 10 anos e termina aos 19 anos completos. Para a OMS, a adolescência é dividida em três fases:
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Pré-adolescência – dos 10 aos 14 anos,
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Adolescência – dos 15 aos 19 anos completos
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Juventude – dos 15 aos 24 anos.
No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente - (ECA) considera a adolescência, a faixa etária dos 12 até os 18 anos de idade completos, sendo referência, desde 1990, para criação de leis e programas que asseguram os direitos desta população.
Conversas francas e diálogo constante são a base para o processo de amadurecimento do jovem, por isso a presença e participação de figuras parentais (pai, mãe ou responsáveis) é fundamental. Essa proximidade ajuda a estabelecer uma relação de confiança, evitando que as dificuldades se tornem motivo para mágoas ou revoltas.
Os comportamentos preocupantes podem ser evitados conversando com os adolescentes antes que as coisas cheguem a um ponto sem volta. Toda vez que um pai ou uma mãe se preocupar com seus filhos, o melhor caminho é sentar com eles e informá-los sobre esse sentimento. Não acusar é essencial, mas é importante mostrar o tamanho da sua preocupação. Os pais devem também, ao conversar com seus filhos, se manterem calmos, e ter uma conversa sempre no nível relacional e saudável, sem cobranças ou colocando-se em posição de vítima do comportamento do filho.
Sempre que os pais sentirem que realmente não têm ideia do que fazer, é um bom momento para envolver um profissional. Principalmente quando houver preocupações de segurança. Mesmo que os pais não tenham certeza se uma mudança no comportamento de seus filhos é algo com que eles deveriam se preocupar, nunca é demais procurar auxílio profissional de psicólogos e psicoterapeutas.
Durante o início da adolescência, as crianças desenvolvem pêlos no corpo, aumento da transpiração e produção de óleo na pele, frequentemente resultando em acne. Os meninos começam a crescer rapidamente, em altura e peso, mostrando a maturação dos órgãos sexuais e sua voz começa a se aprofundar.
A maioria das meninas, por sua vez, começam a desenvolver seios, quadris mais largos e começam a menstruar. Na adolescência média, entre 14 e 15 anos de idade, o crescimento normalmente diminui para as meninas. Em ambos os casos, os adolescentes se tornarão totalmente desenvolvidos nos últimos anos da adolescência, de 19 a 21 anos.
Os adolescentes passam por mudanças físicas por vários motivos. A glândula endócrina que determina a secreção dos hormônios sexuais é a hipófise. Androgênios (hormônios masculinos) e estrogênios (hormônios femininos) são liberados pela glândula sexual na fase de desenvolvimento de uma criança.
Além disso, as meninas liberam um hormônio chamado progesterona, que está associado à fertilidade. Devido ao predomínio desses hormônios, existe uma diferença na estrutura do sexo masculino e do feminino, mas tanto o androgênio quanto o estrogênio são necessários para o desenvolvimento normal de qualquer sexo, seja masculino ou feminino.
Os pais podem ajudar seus filhos adolescentes aprendendo a identificar os primeiros sinais de alerta do transtorno com o qual se preocupam e não tendo medo de perguntar sobre os pensamentos e as experiências de seus filhos.
Confrontar as condições de saúde mental e ter acesso ao tratamento desde o início pode evitar que um transtorno aumente em gravidade ou duração. Quando tratada precocemente, a maioria das condições pode ser controlada ou tratada com eficácia.
Um relatório da American Psychological Association revelou que 91% da Geração Z sentiu sintomas físicos ou emocionais de estresse, como depressão ou ansiedade. Esse estresse pode ser ocasionado por tendências parentais, como agendamento excessivo de atividades, ou por efeitos da mídia social, como comparações sociais negativas e eventos históricos.
Por que a puberdade é tão desafiadora?
A puberdade começa entre os 9 e 15 anos e dura entre um ano e meio a três anos. As alterações hormonais e biológicas que ocorrem podem levar os adolescentes a se sentirem ansiosos e constrangidos. Além disso, eles acabam pedindo mais privacidade e se preocupando com sua aparência, o que pode influenciar na forma como são percebidos e aceitos.
Como o sono muda durante a adolescência?
O relógio biológico muda durante a puberdade, fazendo com que os adolescentes fiquem com sono mais tarde e, portanto, acordem mais tarde para obter as 8 a 10 horas de sono recomendadas. É por isso que, quando os horários de aula no ensino fundamental e no médio são mais tardios, geralmente os adolescentes apresentam uma melhor frequência e notas, bem como uma menor probabilidade de depressão. Em vista disso, vale pensar nessa questão antes de você fazer a matrícula dele na escola.
Como a saúde mental muda durante a adolescência?
Muitas das condições de saúde mental que as pessoas enfrentam na idade adulta começam a se manifestar na adolescência. Na verdade, um em cada cinco adultos jovens tem um distúrbio diagnosticável, de acordo com o Departamento de Saúde e Serviços Humanos. No entanto, os adolescentes também podem lutar contra a ansiedade, depressão e outras formas de angústia que são adequadas ao desenvolvimento e não necessariamente perduram.
É difícil saber quando um problema merece atenção clínica, mas em caso de dúvida, consultar um conselheiro escolar ou outro profissional da saúde mental é o melhor curso de ação para analisar o comportamento do adolescente. Afinal, eles estão mais aptos para identificar atitudes e condutas nocivas nesses jovens. É sempre bom contar com uma segunda opinião.
Ao contrário do que se possa pensar, o cérebro não nasce pronto: transforma-se ao longo dos anos. E é na adolescência que o cérebro muda mais ainda, e, com ele, muda o jeito de pensar, sentir e agir daqueles que, até então, eram crianças bastante dependentes dos pais. É por isso, esperado que os adolescentes desenvolvam novas habilidades, ao mesmo tempo que ainda são tão imaturos para outras.Também as reações emocionais se alteram nesta fase da vida e há algumas atitudes dos adolescentes que costumam deixar os pais com os cabelos em pé! Como por exemplo:
1. A impulsividade: agir por impulso é uma característica do córtex pré-frontal ainda imaturo, que confere, aos jovens, dificuldades de controlo, de planeamento e de tomada de decisão. Eles apresentam uma perceção alterada do tempo: hipervalorizam o momento presente, mostrando-se pouco tolerantes à espera e tornam-se incapazes de fazer planos. Por isso, normalmente deixam as tarefas escolares para a última hora, mas as saídas com os amigos continua a ser prioritárias.
2. O risco: é importante que os pais ensinem os filhos a tomar boas decisões, uma vez que é um elemento fundamental na educação de um jovem. As regras e os limites impostos pelos pais são fundamentais para, de algum modo, prevenir determinados riscos, pois esta é uma fase em que os mesmos tendem a arriscar novas situações e sentem alguma necessidade de experimentar e pertencer a outros grupos, podendo assumir comportamentos de oposição, comportamentos auto-lesivos, comportamentos antissociais, entre outros.
3. A desarrumação: a desarrumação é um problema que aumenta com a adolescência, uma vez que os jovens obedecem menos aos pais e têm outros/novos interesses. Há que dar um desconto, mas devem impor regras no que diz respeito à arrumação. A ordem e a arrumação devem ser estimuladas desde a infância, pois comportamentos adotados desde cedo acabam por ser adotados de forma automática e contínua.
4. As mudanças de humor: há mudanças de humor que por vezes criam oscilações e novas sensações, desejos, necessidades e influenciam o adolescente a nível comportamental, emocional e social. Na adolescência, os jovens são vulneráveis à opinião dos outros, uma vez que estão em constante mudança, e para os pais, certas atitudes podem ser alvo de conflito. A melhor forma de lidar com isso é com afeto, compreensão e bom senso.
5. As discussões: a adolescência é uma fase de maior independência, em que os jovens julgam que a figura do adulto não é importante. Esta independência desejada nem sempre é bem vista pelos pais, o que pode gerar mais discussões e faltas de compreensão de parte a parte. Para isso, os pais devem estabelecer um nível de comunicação com os filhos capaz de os perceber.
6. As influências dos amigos: nesta fase, os jovens sentem-se incompreendidos, independentes e incapazes de receber críticas. O grupo é como se fosse a sua “família”. Se há um problema, é aos amigos que recorrem. Os pais devem adaptar mais uma vez a sua forma de comunicar com o adolescente, dar-lhe algum espaço para aceitar a opinião contrária e ter uma capacidade de negociação assertiva.
7. O sexo precoce: o sexo é uma parte importante no processo de maturação do jovem. A adolescência é a altura da descoberta do prazer e das sensações. No entanto, este ainda é um assunto tabu entre alguns pais e filhos, e pouco encarado como um assunto natural e importante na vida de uma pessoa. Porém, é um tema que deve ser introduzido pelos pais, de forma a evitar alguns comportamentos de risco.
A adolescência é, portanto, uma fase tão desafiadora quanto prazerosa, que precisa de ser vivida na sua plenitude. Já todos passaram por ela, e por isso, resta tolerar as mudanças, estimular a autonomia dos filhos, informá-los sobre as consequências de seus comportamentos e, principalmente, dedicarem-se à construção de vínculos fortes com eles.
Compartilhar experiências é outra forma de estabelecer uma relação de confiança com os filhos. A psicóloga salienta que, assim, são nutridas relações afetivas saudáveis que vão nortear as mudanças e ampará-los nessa caminhada. Valorizar a autonomia é fundamental para que os filhos entendam as consequências de suas escolhas.
Busca de Identidade
É na adolescência que o jovem passa a se reconhecer como uma pessoa única. Nesse processo, é comum que ele se identifique com um grupo de amigos e passe a buscar referências nele. Enquanto na infância é mais comum que essa relação de compatibilidade seja desempenhada pela família, isso tende a mudar com os anos. “Eles começam a se desligar do núcleo familiar e passam a se identificar com as tribos”, comenta a psicóloga. Ela aponta que é comum que alguns pais sintam dificuldade de entender que aquela criança que viram nascer está crescendo e caminhando para a vida adulta.
Porém, se os pais constroem, desde a infância, uma relação de confiança, as chances desse processo ser mais fluido e menos doloroso são maiores. Além do diálogo, demonstrações de afeto por meio do abraço pode trazer à tona muitos sentimentos. Se os filhos são abraçados pelos pais desde pequenos, quando eles forem adolescentes vão sentir, no abraço, se algo não está bem sem que nada precise ser dito. Veja algumas ações para lidar com as mudanças de comportamento características dessa fase:
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Valorize a autonomia: é fundamental para que os filhos entendam as consequências de suas escolhas.
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Crie uma relação de confiança: isso garante que os filhos desenvolvam atitudes mais positivas e proativas.
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Faça parte da vida do seu filho: isso permite que ele teste seus próprios limites com segurança.
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Ofereça apoio e afeto: é fundamental para trazer confiança e autoestima.
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Estimule bons hábitos de vida: ajude-o a valorizar as amizades, o convívio em sociedade e a capacidade de adquirir conhecimentos.
Como vimos, são muitas as definições que tentam explicar a adolescência. Algumas definições utilizam conceitos (embasados em estudos da psicologia, da educação, da filosofia, da medicina etc), outras definições utilizam recortes etários como é o caso da OMS. É importante saber que os conceitos existem e atendem a objetivos específicos de programas, pesquisas e políticas públicas. Entretanto não podemos reduzir esse período do desenvolvimento humano aos conceitos que os caracterizam, exatamente porque estamos falando de seres humanos, não é mesmo?
O que sabemos atualmente, é que a adolescência é o resultado de uma construção social, significada historicamente, que hoje se caracteriza, por exemplo, pela ampliação da tutela dos(as) filhos(as) em suas famílias. Ou seja, observando o contexto social, econômico e cultural do momento que vivemos hoje, os/as adolescentes, em geral, precisam de um período maior de estudos e de capacitação profissional para entrada no mercado de trabalho, o que exige deles e delas um tempo maior de dependência das famílias. Não podemos negar também que este período é marcado pelas transformações biológicas e comportamentais. E são essas mudanças que, muitas vezes, determinam a maneira como a sociedade olha para os(as) adolescentes e cria formas de agir com eles e elas, como por exemplo: a proibição do trabalho antes dos 16 anos, a tutela dos pais até os 18 anos, todo adolescente é “aborrescente” e tantas outras formas que acabam caracterizando, ou melhor, rotulando esse período da vida.
Esta discussão, sobre a construção histórica do conceito de adolescência, é importante porque possibilita a mudança de olhar para a própria adolescência e para o/a adolescente É importante desconstruir a visão de adolescência como uma fase de crise e olhar criticamente para o perfil rotulado do adolescente visto como “aborrecente”, intolerante, irresponsável, rebelde etc.
Referências:
Antonio A. Belelli - Neurocientista, Especialista em Psicologia da Educação, Neuropedagogo e Pedagogo.
Daiane PAPALIA, Desenvolvimento humano. 12 ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
Sociedade Brasileira de Pediatria (Filhos Adolescentes – de 10 a 20 anos de idade) / Centers for Disease Control and Prevention (CDC)