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O transtorno obsessivo-compulsivo - TOC -  é caracterizado por obsessões, compulsões ou ambas. As obsessões são ideias, imagens ou impulsos recorrentes, persistentes, indesejados, que provocam ansiedade e são intrusivos. As compulsões (também conhecidas como rituais) são determinadas ações ou atos mentais que a pessoa se sente impelida a praticar para tentar diminuir ou evitar a ansiedade causada pelas obsessões.

  • Muitos dos casos de pensamentos e comportamento obsessivos-compulsivos estão relacionados a preocupações com danos ou riscos.

  • O médico diagnostica o transtorno quando a pessoa tem obsessões, compulsões ou ambas.

  • O tratamento pode incluir terapia de exposição (com prevenção de rituais compulsivos) e determinados antidepressivos (inibidores seletivos de recaptação da serotonina ou clomipramina).

O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é um pouco mais frequente em mulheres que em homens e afeta entre 1% e 2% da população. Em média, o TOC tem início entre os 19 e 20 anos de idade, porém, aproximadamente 25% dos casos começam até os 14 anos de idade . Até 30% das pessoas com TOC têm ou já tiveram um transtorno de tique.

O TOC é diferente dos transtornos psicóticos, que são caracterizados pela perda do contato com a realidade, embora em uma pequena minoria dos casos de TOC a percepção esteja ausente. O TOC também é diferente do transtorno de personalidade obsessiva-compulsiva, embora pessoas com esses transtornos possam apresentar as mesmas características, como ser metódico, confiável ou perfeccionista.

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A pessoa com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) tem obsessões – pensamentos, imagens ou impulsos que ocorrem frequentemente, mesmo que ela não queira. Essas obsessões surgem mesmo quando a pessoa está pensando e fazendo outras coisas. Além disso, as obsessões normalmente causam grande angústia e ansiedade. Os temas das obsessões incluem lesionar (a si próprio ou a outros), limpeza ou contaminação, pensamentos proibidos ou tabus (por exemplo, obsessões agressivas ou sexuais) e a necessidade de simetria.

As obsessões comuns incluem:

  • Preocupação com contaminação (por exemplo, supor que tocar em maçanetas provocará alguma doença)

  • Dúvidas (por exemplo, supor que a porta da frente não foi trancada)

  • Preocupação com objetos que não estão perfeitamente alinhados ou uniformes

Uma vez que as obsessões não causam prazer à pessoa, frequentemente ela tenta ignorá-las e/ou controlá-las. Compulsões (também chamadas de rituais) são uma forma que a pessoa tem de responder às suas obsessões. Por exemplo, elas sentem vontade de fazer algo - repetitivo, propositado e intencional - para evitar ou aliviar a ansiedade causada pelas obsessões.

As compulsões comuns incluem:

  • Lavar ou limpar algo para evitar contaminação

  • Verificar algo para eliminar dúvidas (por exemplo, verificar muitas vezes que uma porta está trancada)

  • Contar (por exemplo, repetir uma ação um determinado número de vezes).

  • Ordenar (por exemplo, arrumar talheres ou objetos da mesa de trabalho em um padrão específico)

A maioria dos rituais, como lavar as mãos com muita frequência ou verificar repetidamente se a porta está trancada, pode ser observada. Outros rituais não podem ser observados, tais como ficar contando repetidamente na mente ou ficar fazendo afirmações em voz baixa com a intenção de diminuir algum perigo.

Os rituais podem ser realizados de forma precisa de acordo com regras rígidas. Os rituais podem ou não estar logicamente conectados com a obsessão. Quando as compulsões estão logicamente conectadas à obsessão (por exemplo, tomar banho para evitar ficar sujo ou verificar o fogão para evitar incêndios), elas são claramente excessivas. Por exemplo, é possível que a pessoa tome banho durante muitas horas todo dia ou verifique o fogão trinta vezes antes de sair de casa. Todos os rituais e obsessões exigem tempo. É possível que a pessoa gaste horas todos os dias dedicada a eles. Eles podem causar tanta angústia ou interferir tanto com a capacidade funcional da pessoa que algumas chegam a ficar incapacitadas.

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A maioria das pessoas com TOC possui tanto obsessões como compulsões.

A maioria das pessoas com TOC tem pelo menos um pouco cientes de que seus pensamentos obsessivos não refletem riscos reais ou a realidade e que seus comportamentos compulsivos são excessivos. No entanto, algumas pessoas estão convencidas que suas obsessões são bem fundamentadas e que suas compulsões são plausíveis.

A maioria das pessoas com TOC está ciente de que seus comportamentos compulsivos são excessivos. Por isso, elas geralmente realizam os rituais de maneira secreta, mesmo quando esses rituais consomem muitas horas do dia.

Dessa forma, os sintomas do TOC podem causar um desgaste nos relacionamentos e a pessoa com TOC pode ter um pior desempenho escolar, no trabalho ou em outros aspectos da vida cotidiana.

Muitas pessoas com TOC também têm outros transtornos de saúde mental. Aproximadamente 76% das pessoas com TOC também têm um diagnóstico vitalício de transtorno de ansiedade, aproximadamente 41% têm um diagnóstico vitalício de transtorno depressivo maior, e entre 23% e 32% têm um transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo. Entre 35% e 50 % das pessoas com TOC têm pensamentos suicidas em algum momento e entre 10% e 15% cometem tentativa de suicídio. O risco de haver uma tentativa de suicídio é maior se a pessoa também tiver transtorno depressivo maior .

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Diagnóstico do TOC

  • Avaliação de um médico com base em critérios de diagnóstico psiquiátrico padrão. O médico diagnostica o transtorno obsessivo-compulsivo tomando por base os sintomas: a presença de obsessões, compulsões ou ambas. As obsessões ou compulsões precisam atender, no mínimo, um dos quesitos a seguir: Tomar muito tempo ou Causar angústia significativa ou interferir com a capacidade funcional da pessoa.

Tratamento do TOC

  • Terapia de exposição e de prevenção de rituais; a terapia cognitiva costuma ser acrescentada

  • Determinados antidepressivos.

A terapia de exposição e de prevenção de rituais (resposta), um tipo de terapia cognitivo-comportamental, costuma ser eficaz no tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo. A terapia de exposição consiste na exposição gradativa e repetida da pessoa às situações ou pessoas que desencadeiam as obsessões, rituais ou desconforto ao mesmo tempo em que se pede a ela que não realize o ritual compulsivo (terapia de prevenção de ritual). O desconforto ou a ansiedade diminuem gradativamente durante a exposição repetida, na medida em que a pessoa passa a reconhecer que a realização de rituais é desnecessária para a redução do desconforto. A melhora geralmente persiste por anos, provavelmente porque as pessoas que dominam essa abordagem conseguem continuar a praticá-la após o tratamento formal ter sido concluído. A terapia cognitiva costuma ser administrada concomitantemente à terapia de exposição e de prevenção de rituais.

Os inibidores seletivos de recaptação da serotonina (por exemplo, fluoxetina), que são um tipo de antidepressivo, e a clomipramina, que é um tipo de antidepressivo tricíclico, costumam ser eficazes. Doses mais altas do que as comumente usadas para o tratamento da depressão talvez sejam necessárias. Muitos especialistas supõem que uma associação entre a terapia de exposição e de prevenção de rituais em conjunto com medicação é o melhor tratamento, sobretudo nos casos de sintomas mais graves.

Psicoterapia psicodinâmica (que enfatiza a identificação dos padrões inconscientes de pensamentos, sensações e comportamentos atuais) e psicanálise, em geral, não têm sido eficazes em pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo.

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Os sintomas de TOC são muitos. Ou seja, o TOC é multidimensional. Para dividir os sintomas em categorias e compreender melhor o transtorno foram desenvolvidas 5 dimensões: contaminação/limpeza, dúvidas e verificações, pensamentos repugnantes (agressivos/sexuais/blasfemos), simetria/ordem e acumulação compulsiva (colecionismo).

 

Assim, entenda que as 5 dimensões do TOC são categorias de sintomas. E cada uma das dimensões possuem sintomas obsessivos e sintomas compulsivos. Esse post tem como objetivo explicar cada uma das 5 dimensões do TOC, e seus sintomas obsessivos e compulsivos.

Análise Sistemática dos Princiais Sintomas do TOC

Obsessões

Inicialmente, é importante contextualizar que as obsessões no TOC são os sintomas de pensamentos, impulsos ou imagens persistentes que aparecem na mente sem que o paciente possa controlar e causam muito desconforto. E possuem 4 características:

  • Intrusivas: difíceis de controlar ou de afastar e surgem na mente sem que exista vontade para tal pensamento;

  • Indesejadas: ativam emoções de ansiedade e medo, causado sofrimento;

  • Provocam resistência: induzem o paciente a lutar contra, ignorar ou fazer tentativas de suprimir ou neutralizar o pensamento obsessivo, geralmente sem sucesso;

  • Egodistônicas: o conteúdo das obsessões causam estranhamento no indivíduo e não vão de acordo com seus valores e desejos pessoais.

Compulsões

As compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais que o paciente com TOC executa como uma forma de lidar com as obsessões. O objetivo das compulsões, então, é tentar afastar as ameaças, reduzir os riscos ou prevenir desastres. Isso alivia o desconforto gerado pelos pensamentos obsessivos. No entanto, as compulsões não são tentativas efetivas para resolver o desconforto da obsessão, visto que acabam mantendo o sintoma de TOC, reafirmando a obsessão. 

Além disso, as compulsões podem ser mentais. Em outras palavras, são atos mentais voluntários como: contar, rezar, repetir palavras ou frases em silêncio, repassar argumentos mentalmente, substituir imagens ou pensamentos ruins por imagens ou pensamentos bons. A intenção das compulsões mentais, portanto, é a mesma: reduzir ou eliminar o risco e a ansiedade associada às obsessões. Porém, a tendência dos sintomas do TOC é continuar vindo na mente da pessoa. Consequentemente, as compulsões se tornam cada vez mais frequentes. 

Medo de contaminação, lavagens excessivas e evitações

Vamos para a primeira dimensão de sintomas: limpeza e contaminação. Os sintomas de contaminação, lavagens excessivas e evitações são os sintomas mais comuns nos pacientes com TOC. Se você tem esses sintomas, você sabe como é ruim ter muitas preocupações com a possibilidade de se contar ou de estar contaminado com algo. Desse modo, os sintomas são pensamentos obsessivos de estar contaminado com germes, bactérias, “energias negativas”, entre outros contaminantes. 

O medo e a ansiedade são tão grandes e desconfortáveis que, na tentativa de acalmá-los e lidar com os pensamentos de contaminação, o paciente realiza comportamentos compulsivos de lavar demasiadamente as mãos, tomar banhos demorados, verificar compulsivamente se não tocou em algo sujo. Assim, as compulsões dentro desse tipo de sintoma do TOC podem usar exageradamente sabonetes e detergentes, podendo causar outros problemas de saúde. 

Comportamentos

Além disso, outro tipo de comportamento compulsivo que existe na dimensão de contaminação e limpeza é evitar lugares que possivelmente possam contaminar. Ou seja, evitam ir em hospitais, ficam distantes de cemitérios, ao andar na rua ficam longe de lixeiras. Ou evitam tocar em lugares que muitas pessoas tocam, como maçanetas, botões, etc. 

Dessa maneira, os pacientes com sintomas da dimensão de contaminação e limpeza avaliam de maneira distorcida e exagerada o risco de se contaminar. Isso aumenta a gravidade das consequências, o que faz com que os rituais compulsivos de limpeza, verificações e evitações aconteçam como uma forma de lidar com as obsessões. Nesse sentido, as distorções de pensamento estão presentes nos sintomas de TOC, e ajudam a manter os sintomas do TOC. E é muito importante que você entenda como funcionam os sintomas para conseguir tratá-los da forma correta. A terapia é muito importante para te ajudar nisso.

Dúvidas, Intolerância à Incerteza e Verficações

As verificações também são um dos sintomas mais comuns no TOC e fazem parte dos sintomas das outras dimensões. Dessa maneira, o comportamento de verificar algo surge por causa da necessidade de ter certeza de que um dano ou possível ameaça não aconteceu ou não acontecerá. Desse modo, a intolerância à não certeza é uma característica dos pacientes com TOC. O sintoma de verificação geralmente surge a partir de dúvidas obsessivas. Assim, o paciente com TOC é impulsionado a realizar o comportamento de verificar se está tudo bem e que ele ou seus familiares não correm riscos.

Os comportamentos de verificação podem ser checar se o fogão ou o gás foram desligados para evitar uma acidente, ou verificar se não atropelou alguém de carro ao voltar do trabalho. Além do mais, as verificações podem ser mentais, como reler compulsivamente mensagens que enviou para alguém com medo de ter falado algo obsceno ou errado. Ou repassar mentalmente um acontecimento para ter certeza de que nenhum detalhe foi esquecido. A verificação pode acontecer, então, para lidar com a ideia de perfeccionismo do paciente. 

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Pensamentos repugnantes de agressão, sexo ou religião

 

Outra dimensão do TOC são os sintomas de pensamentos indesejáveis e perturbadores que envolvem agressão física, violência sexual ou blasfêmias religiosas. Um paciente com TOC acredita – e pensa – que pode vir a realizar atos agressivos contra si mesmo ou a outras pessoas. Muitas vezes, os pacientes passam a acreditar em seus pensamentos e a acharem realmente que cometeram um erro. Isso é chamado de fusão cognitiva. Ou seja, quando fundimos os nossos pensamentos (que existem apenas em nossas mentes) com as nossas ações (comportamentos reais), pensando que o que passou na mente é a realidade. 

Dessa forma, os sintomas de pensamentos repugnantes de agressão, sexo ou religião geram uma baixa autoestima. Isso tem um impacto negativo na saúde mental e continua reforçando a crença de que o paciente é uma pessoa que pode vir a cometer agressões. 

Os comportamentos para lidar com as obsessões de pensamentos agressivos dentro dessa dimensão são criar medidas de segurança. Por esse motivo que é muito comum que os pacientes escondem facas para evitar que possam usá-las, evitar passar perto de pedestres quando estão dirigindo, não andar na frente de escolas com medo de fazer algo contra uma criança, deixar de cumprimentar pessoas, procurar possíveis substâncias que possam machucar alguém em casa… perceba, portanto, que o comportamento de verificação é muito presente nessa dimensão. 

É possível dividir as obsessões dessa dimensão em três:

  • Conteúdo agressivo: é quando o paciente pensa que pode ocasionar uma violência ou tem pensamentos intrusivos sobre poder violentar outra pessoa, causando muito medo e angústia.

  • Conteúdo sexual: são pensamentos ou imagens que surgem na mente sem que o paciente tenha controle sobre cenas de conteúdo sexual inaceitáveis. Esses pensamentos atormentam os pacientes e são acompanhados de muita angústia, medo, culpa e até depressão. Assim, surgem os comportamentos compulsivos de tentar afastar os pensamentos da mente ou comportamento evitativo. Além disso, ter dúvidas obsessivas sobre a própria orientação sexual também pode ser um tipo de obsessão dessa dimensão.

  • Conteúdo blasfemo: são pensamentos obsessivos relacionados às crenças religiosas, como dúvidas se Deus não ama o paciente ou que o paciente não ama a Deus.

Além disso, outros sintomas do TOC podem ser os pensamentos supersticiosos de que um determinado número ou uma cor são capazes de prevenir uma desgraça. A partir disso surgem regras do tipo “o número 13 está relacionado ao azar” ou “tal cor indica que algo ruim vai acontecer, então nunca posso vestir essa cor”. Isso faz com que o paciente se responsabilize excessivamente pelo acontecimento negativo. 

Dessa maneira, se você se identificou com algum dos sintomas citados, procure atendimento psicológico. Existe tratamento para TOC baseado em evidências científicas que vão te ajudar a diminuir os seus sintomas e a viver uma vida melhor. E lembre-se: apenas um profissional da saúde pode avaliar se é Transtorno Obsessivo-Compulsivo.

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Ordem, alinhamento, simetria

Os sintomas da dimensão de ordem, alinhamento e simetria estão relacionados aos pensamentos de que as coisas precisam estar alinhadas ou estarem de uma determinada forma para as coisas estarem “certas”. Ou seja, se um determinado objeto fica “fora do lugar”, emoções de medo e angústia surgem. Desse modo, os pacientes com esses sintomas perdem muito tempo organizando as roupas, alinhando objetos em casa, e catalogando seus objetos em cores e tamanhos. Esses são os comportamentos compulsivos, que podem durar por muitas horas do dia, fazendo com que ocorram atrasos para compromissos. Assim, as compulsões se tornam rituais de alinhamento e de simetria causando muito prejuízo para os pacientes.

Entenda que esses sintomas acontecem para que o paciente tenha a sensação de que as coisas estejam “certas”. E se as coisas não estiverem exatamente daquela forma, pensamentos negativos surgem, como se algo fosse dar errado. A partir disso, se criam as autoregras, que são auto comandos que o próprio paciente cria para si mesmo dizendo o que precisa ser feito para que tudo esteja “certo”. Essas autoregras podem ser alinhar os objetos, comer o almoço por uma determinada ordem dos alimentos, colocar os quadros em uma ordem específica, entre outros.

Além disso, perceba que o conteúdo dos sintomas do TOC – as preocupações do paciente está muito relacionado com a história de vida dele. Por isso, os sintomas são agrupados em 5 dimensões, mas o conteúdo dos sintomas pode variar de pessoa para pessoa. Portanto, buscar ajuda profissional de um psicólogo é importante para entender quais são os seus sintomas mais leves até os mais graves e, desse modo, conseguir construir um plano de tratamento adequado para o seu contexto.

Acumulação compulsiva

A última dimensão do TOC é a acumulação compulsiva. Esses comportamentos são a tendência de guardar objetos que na realidade não terão utilidade no futuro ou qualquer valor afetivo. Melhor dizendo, o comportamento de acumular pela sensação de estar guardando algo que pode vir a ser útil, mas nunca é. Essa dimensão traz muito prejuízo porque os espaços da casa passam a ser usados para a acomulação, o que dificulta o uso diário do espaço. Além disso, também existe o transtorno de acumulação compulsiva, que é outro tipo de transtorno diferente do TOC. Por isso, é importante consultar um profissional para te ajudar a identificar o que você pode estar passando.

TOC é um transtorno heterogêneo

Por fim, o TOC é um transtorno que se manifesta em diferentes tipos de sintomas. É importante compreender as funções de cada um dos sintomas e de que forma o ciclo do TOC continua acontecendo e mantendo os sintomas existentes. Dessa forma, os comportamentos de compulsão tem a função de produzir alívio, afastar ameaças e de ter a sensação de que os riscos foram totalmente eliminados.

 

De acordo com o modelo cognitivo-comportamental, as compulsões contribuem para a perpetuação do transtorno. Identificá-las é crucial para a proposição de intervenções psicoterápicas mais específicas. 

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O transtorno obsessivo-compulsivo é caracterizado por dúvidas, ideias, imagens ou impulsos (obsessões) recorrentes, indesejáveis e intrusivos e impulsos irresistíveis (compulsões) de realizar ações para tentar diminuir a ansiedade causada por essas obsessões. As obsessões e compulsões causam grande angústia e interferem na escola e nos relacionamentos.

  • As obsessões frequentemente envolvem a preocupação ou o medo de sofrer lesões ou de os entres queridos sofrerem lesões (por exemplo, por doença, contaminação ou morte).

  • As compulsões são comportamentos excessivos, repetitivos e intencionais que a criança acredita que deve praticar para conseguir controlar as dúvidas (por exemplo, verificar repetidamente se uma porta está trancada), para evitar que algo ruim aconteça ou para reduzir a ansiedade causada por suas obsessões.

  • Terapia comportamental e medicamentos são frequentemente usados no tratamento.

Em média, o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) tem início entre os 19 e 20 anos de idade, porém, aproximadamente 25% dos casos começam antes dos 14 anos de idade. O transtorno frequentemente diminui depois que a criança alcança a idade adulta.

O transtorno obsessivo-compulsivo inclui diversos transtornos relacionados:

  • Transtorno dismórfico corporal: A criança fica preocupada com um defeito imaginário na sua aparência, como o tamanho do nariz ou das orelhas, ou fica excessivamente preocupada com uma pequena anomalia, como uma verruga.

  • Acumulação compulsiva: A criança tem uma necessidade forte de guardar objetos independentemente do valor e não consegue tolerar a ideia de se livrar dos objetos.

  • Tricotilomania (arrancar os cabelos)

  • Escoriar a pele

Algumas crianças, particularmente meninos, também têm um transtorno de tiqueConsidera-se que genes e fatores ambientais causam o TOC. Estudos mostram que as redes genéticas do TOC são altamente complexas e estão envolvidas em muitos dos processos do corpo, incluindo o desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso, do sistema imunológico e do sistema inflamatório.

Há alguma evidência de que infecções podem estar envolvidas em alguns casos de TOC que têm início súbito (de um dia para outro). Se houver o envolvimento de bactérias estreptococos, o transtorno é chamado de transtorno neuropsiquiátrico autoimune pediátrico associado ao estreptococo (do inglês “pediatric autoimmune neuropsychiatric disorder associated with streptococcus”, PANDAS). Caso outras infecções (por exemplo, a infecção por Mycoplasma pneumoniae) estejam envolvidas, o distúrbio é chamado de síndrome neuropsiquiátrica pediátrica de início agudo (do inglês “pediatric acute-onset neuropsychiatric syndrome”, PANS). Os pesquisadores continuam a estudar o vínculo entre as infecções e o TOC.

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Sintomas

Normalmente, os sintomas de TOC se desenvolvem gradualmente e a maioria das crianças consegue de início esconder seus sintomas. A criança com frequência fica obcecada com preocupações e temores de que algum mal vai lhe acontecer, como com medo de contrair uma doença mortal ou de que ela ou outros se machucarão. Ela se sente compelida a fazer algo para equilibrar ou neutralizar suas preocupações e temores. Ela pode, por exemplo, fazer repetidamente o seguinte:

  • Verificar se desligou o alarme ou trancou a porta

  • Lavar as mãos excessivamente, resultando em mãos com pele extremamente seca e machucada

  • Contar coisas (por exemplo, passos)

  • Sentar-se e levantar-se de uma cadeira

  • Limpar e reorganizar constantemente certos objetos

  • Fazer muitas correções no trabalho escolar

  • Mastigar alimentos determinado número de vezes

  • Evitar tocar certas coisas

  • Fazer frequentes solicitações de reconforto, às vezes dezenas ou até mesmo centenas de vezes por dia

Algumas obsessões e compulsões têm uma conexão lógica. Por exemplo, a criança que tem uma obsessão em não ficar doente pode lavar as mãos com muita frequência. Algumas, no entanto, são completamente não relacionadas. A criança pode, por exemplo, contar até 50 repetidamente para impedir que um avô ou avó tenha um ataque cardíaco. Caso ela resista às compulsões ou seja impedida de realizá-las, ela fica extremamente ansiosa e preocupada. A maioria das crianças tem alguma noção de que suas obsessões e compulsões não são normais, e ficam com frequência envergonhadas e tentam escondê-las. Contudo, algumas crianças acreditam piamente que suas obsessões e compulsões são válidas.

O TOC se resolve após alguns anos em aproximadamente 5% das crianças e em aproximadamente 40% das crianças até o início da idade adulta. Em outras crianças, o transtorno tende a ser crônico, mas com a continuação do tratamento, a maioria das crianças consegue funcionar normalmente. Aproximadamente 5% das crianças não respondem ao tratamento e permanecem significativamente prejudicadas.

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Diagnóstico

 

  • Uma consulta com um médico ou especialista em saúde comportamental

  • Às vezes, questionários sobre sintomas

O médico diagnostica o TOC com base nos sintomas. Diversas consultas podem ser necessárias antes de as crianças com TOC confiarem suficientemente no médico a ponto de contar a ele suas obsessões e compulsões. Para que o TOC seja diagnosticado, as obsessões e as compulsões precisam causar uma angústia intensa e interferir com a capacidade de funcionamento da criança.

Se o médico suspeitar que pode haver o envolvimento de uma infecção, ele geralmente consulta um especialista nesses tipos de transtorno. Deve-se ter muito cuidado para diferenciar TOC de outros transtornos, como psicose de início precoce, transtornos do espectro autista e transtornos de tiques complexos.

Como o TOC é tratado?

O tratamento para o TOC é um tipo de Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Na terapia, as crianças aprendem habilidades para enfrentamento da ansiedade, dos medos e das inseguranças sem fazer necessários os rituais.  A terapia cognitivo-comportamental, se disponível, pode ser suficiente caso a criança esteja bastante motivada. Caso necessário, uma combinação de terapia cognitivo-comportamental e um tipo de antidepressivo chamado de inibidor seletivo de recaptação da serotonina (ISRS) costuma ser eficaz para o TOC. Essa combinação permite à maioria das crianças funcionarem normalmente. Se o ISRS for ineficaz, o médico pode receitar clomipramina, outro tipo de antidepressivo. No entanto, ela pode causar efeitos colaterais graves. Se estas opções não funcionarem, outras estarão disponíveis.

O tratamento funciona melhor quando um dos pais ou cuidador faz terapia com seu filho. Dessa forma, eles podem aprender a forma certa de orientar seus filhos sobre os sintomas do TOC, ajuda-los a praticar as habilidades que aprenderam na terapia e oferecer apoio diário.

Se o tratamento for ineficaz, talvez seja preciso tratar a criança depois de ser admitida em uma instituição onde a terapia comportamental pode ser realizada de maneira intensiva e os medicamentos podem ser controlados. Antibióticos costumam ser utilizados se uma infecção estreptocócica (PANDAS) ou outra infecção (PANS) estiver envolvida. Caso necessário, a terapia cognitivo-comportamental e os medicamentos que costumam ser utilizados para tratar o TOC também são usados.

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Para pais – Crianças com TOC - Complemento Especial - Resumo

O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) causa pensamentos perturbadores chamados obsessões e o desejo de realizar comportamentos chamados compulsões (também chamados de rituais). Crianças e adolescentes com TOC ficam presos em um ciclo estressante de pensamentos, ansiedade e rituais e, se você acha que seu filho tem TOC e não sabe como deve agir ou o que você precisa fazer, continue lendo para conferir dicas que podem te ajudar a entender melhor esse transtorno e saber o que você pode fazer.

Que sinais os pais podem notar?

Obsessões 

Estes são pensamentos estressantes que vêm à mente repetidamente. Uma criança com TOC não quer pensar nessas coisas. Mas eles sentem que não podem parar. Os pais podem perceber as obsessões como medos ou preocupações intensas e as crianças com TOC podem se sentir extraordinariamente chateadas com:

  • Germes, sujeira, doença, lesão ou dano

  • Se alguém pode ficar doente, ferido ou morrer

  • Coisas que parecem erradas ou fora do lugar

  • Se pensamentos ruins podem se tornar realidade

  • Coisas que não são retas, uniformes ou que não estão organizadas “corretamente”

 

Compulsões (rituais)

Esses são comportamentos que uma criança fará, tentando se sentir melhor. Para a criança, os rituais parecem a forma de parar os pensamentos, aliviar os medos e impedir que coisas ruins aconteçam. Os pais podem notar que as crianças podem:

  • Organizar as coisas de novo e de novo

  • Repetir palavras, frases ou perguntas

  • Ter muitas dúvidas e problemas para fazer escolhas

  • Lavar ou limpar mais do que o necessário

  • Levar muito tempo para fazer as coisas – como se vestir, tomar banho, comer, fazer a lição de casa

As crianças podem envolver os pais em rituais que, a princípio, podem não perceber que algo é um ritual. Por exemplo, uma criança com TOC pode pedir reafirmação repetidas vezes. Ou pode insistir que um pai diga ou faça algo um determinado número de vezes ou de uma maneira determinada. Crianças e adolescentes com TOC podem ter obsessões, compulsões ou ambos.

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Sentimentos

Os sintomas do TOC são difíceis para as crianças e os rituais podem parecer dar-lhes algum alívio no início. Mas eles se multiplicam e começam a tomar mais tempo e energia. As crianças têm pouco tempo para as coisas que gostam e os pensamentos, sentimentos e rituais do TOC tornam-se um ciclo estressante que pode dificultar o foco na escola, no divertimento com os amigos e ao dormir ou relaxar. As crianças podem parecer:

  • Ansiosas, preocupadas

  • Frustradas, irritáveis

  • Tristes, cansadas

  • Chateadas quando elas não podem fazer um ritual

  • Precisar de garantia constante de um pai de que as coisas estão bem.

Algumas crianças podem não deixar os pais saberem sobre os pensamentos, medos, rituais e comportamentos que o TOC causa, pois podem se sentir confusos ou envergonhados com seu medo e mantê-lo para si mesmos.

 

Como posso ajudar meu filho?

Se você acha que seu filho pode ter TOC:

  • Converse com seu filho sobre o que você notou. Fale de forma solidária, ouça e demonstre amor. Diga algo que funcione para a situação do seu filho, como: “Percebo que você arruma muito suas meias, tentando deixá-las iguais e isso parece lhe causar muito estresse”. Digamos que algo chamado TOC pode estar causando a preocupação e a correção. Diga ao seu filho que um check-up com um médico pode descobrir se é isso que está acontecendo e deixe-o saber que isso pode melhorar e que você quer ajudar.

  • Marque uma consulta com um psiquiatra infantil ou psicólogo. Para diagnosticar o TOC, eles passarão um tempo conversando com você e seu filho e farão perguntas sobre os sintomas que ajudarão a apontá-los para sinais de TOC. Se eles diagnosticarem TOC, eles podem explicar o tratamento. 

  • Participe da terapia do seu filho. Parte do tratamento é orientar os pais sobre como responder aos sintomas de TOC de seus filhos. Aprenda tudo o que puder sobre maneiras de ajudar e como apoiar o progresso do seu filho sem ceder a rituais.

  • Seja paciente. Superar o TOC é um processo que exigirá muitas visitas à terapia. Certifique-se de ir a todas elas e ajude seu filho a praticar as coisas que o terapeuta lhe mostra. Elogie o esforço do seu filho e mostre como você se sente orgulhoso.

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MSD - Manual Saúde para a Família

Katharine Anne Phillips, MD, Weill Cornell Medical College;

Cordioli, A. V. (2014). TOC: Manual de terapia cognitivo-comportamental para o transtorno obsessivo-compulsivo. Artmed Editora.

Dan J. Stein, MD, PhD, University of Cape Town

 Kids Health - Clínica Jequitiba

Antonio A. Belelli - Neuropedagogo, Neurocientista e Mestre em Educação.

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